Maioria das mulheres haitianas foram detectadas com infecção urinária por médicos do hospital de Assis Brasil, no Acre
Problemas de saúde e doenças têm afetado imigrantes haitianos que tentam entrar no Brasil e os que residem no país. Reportagem da Agência Brasil comprovou que também é critica a situação dos haitianos em Inãpari, cidade peruana vizinha a Assis Brasil (AC). Na última sexta-feira, 17 de agosto, segundo relato de imigrantes como Junior Saint-Jean, que já tem situação regularizada na fronteira, eles foram transferidos para dois barracões de madeira.
Já no lado brasileiro, as mulheres haitianas, a maioria com problemas de infecção urinária, detectada por médicos do hospital de Assis Brasil, residem em barracão separado do dos homens. Elas são 26 e ocupam um só cômodo, no qual não há energia elétrica. Dormem em colchonetes doados pela comunidade, fazem suas necessidades fisiológicas no mato, em área próxima ao leito do Rio Acre. Quando recebem doações de água, usam para fazer a comida. Os alimentos são também doados.
" Vivemos como animais. O governo peruano não nos dá qualquer apoio desde que chegamos aqui" , disse Junior Saint-Jean. No barracão dos homens, a situação é parecida. São 70 ao todo, distribuídos em seis apartamentos, um deles separado para haitianos que estão com a saúde mais debilitada.
As cidades de Assis Brasil e Iñapari estão situadas em uma região da Amazônia onde a leishmaniose é endêmica, disse o clínico geral do hospital da cidade brasileira, Everton da Costa. Praticamente todos os homens têm o corpo coberto de pequenas feridas, como foi mostrado à reportagem pelo imigrante ilegal Ebetch Nerizier, 26 anos. " Os mosquitos picam a gente toda noite. Estamos cobertos de feridas e sem qualquer tratamento médico. Alguns, por estresse, pensam até em se matar" .
Perguntado por que não retornam ao Haiti, com tantos problemas que enfrentam para entrar em território brasileiro, Nerizier foi direto: " Nós não queremos trabalhar no Peru, porque não conseguiríamos entrar no Brasil. Queremos trabalhar no Brasil, ganhar um pouco mais de dinheiro para mandar para nossas famílias que ficaram no Haiti. Lá é pior, não tem nada."
A presença de 96 haitianos em Iñapari, onde tentam regularizar documentos para que possam trabalhar no Brasil, gera o mesmo tipo de reação tanto entre os que vivem no lado peruano quanto entre os que estão na vizinha Assis Brasil, no Acre. Moradores dos dois municípios afirmam que os haitianos se recusam a trabalhar, mas, ao mesmo tempo, reconhecem que, sem comida, água e energia, como estão vivendo há quase quatro meses na localidade de Iñapari, não dá para continuar.
Fonte isaude.net
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