O vírus ebola continua a se espalhar por Uganda. Após causar 14 mortes em um distrito, a doença chegou à capital, Campala. Ontem, foram anunciadas duas outras mortes suspeitas.
O surto já começa a interferir na rotina do país. O presidente de Uganda, Yoweri Museveni, pediu à população que evitasse apertos de mão e sexo desprotegido.
"Desestimulamos o aperto de mão porque isso pode causar o contato por meio do suor, que pode provocar problemas, e a promiscuidade, porque essa doença também pode ser transmitida por meio do sexo", afirmou Museveni, em um comunicado.
Isolado pela primeira vez em 1976, na vizinha República Democrática do Congo, o ebola causa uma doença ainda sem cura, com índices de mortalidade que, dependendo da linhagem do vírus, podem chegar a 90%.
A infecção é transmitida pelo contato próximo e por fluidos como saliva, fezes, suor, sêmen e sangue. As autoridades sanitárias temem a repetição do surto de 2000, o mais devastador até hoje, quando 425 pessoas foram infectadas. Mais da metade desses pacientes morreu.
Onze pacientes estão em isolamento com suspeita de terem contraído o vírus.
A OMS (Organização Mundial da Saúde) disse que a origem do surto não foi confirmada. Profissionais de saúde, porém, suspeitam que ele tenha irrompido há mais de três semanas no vilarejo de Nyanswiga. Inicialmente, os médicos não suspeitaram de ebola. Nyanswiga, situado no distrito de Kibaale, fica a cerca de 170 km da capital.
Até agora, 18 dos 21 casos confirmados estavam ligados a uma mesma família.
Uma das 14 pessoas mortas era funcionária do setor da saúde. Clare Muhumuza foi transferida para o hospital Mulago, em Campala, onde morreu, o que alimentou temores de que a doença possa se espalhar pela capital.
Museveni pediu cuidado na hora dos enterros, dizendo que é possível se contaminar ao ter contato com corpos de vítimas do ebola.
A ministra da Saúde de Uganda, Christine Ondoa, disse que inicialmente as pessoas não buscaram atendimento médico porque pensavam que a doença era obra de "espíritos do mal".
Os sintomas causados pelo ebola são semelhantes aos da gripe: dor de cabeça, inflamação de garganta e cansaço. A doença evolui para uma febre hemorrágica que causa perda de sangue e falência dos órgãos.
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