"E transformação ainda maior terá de ocorrer nos sistemas de saúde, que somente serão possíveis se nós começarmos desde já a dar saltos na gestão. Temos menos de duas décadas para pavimentar esse caminho"
Até aproximadamente 2030 o Brasil colherá os frutos do chamado bônus demográfico. Este será o período em que teremos mais brasileiros trabalhando, consumindo, poupando e investindo, simultaneamente. Ou seja, um período em que mais pessoas vão contribuir para a geração de riquezas.
A nossa pirâmide demográfica se transformou em um vaso, em que base é mais estreita que o bojo. Entre os censos de 2000 e 2010 o número de crianças até 14 anos diminuiu em cerca de quatro milhões. São várias as razões para esse fenômeno. Como o país se urbanizou aceleradamente, e ainda se concentrou em grandes metrópoles (metade da população hoje vive em apenas 100 cidades), as barreiras que impediam a entrada da mulher no mercado de trabalho foram caindo. Barreiras culturais, principalmente, Mas a necessidade econômica falou mais alto e a contribuição da mulher para o orçamento da família se tornou essencial.
Trabalhar e cuidar de famílias numerosas, ao mesmo tempo, é missão quase impossível nas grandes cidades. E, vencidas as primeiras barreiras culturais, as mulheres, que eram antes maioria entre os analfabetos, foram progressivamente aumentando sua escolaridade. Na média, hoje têm mais anos de escola que os homens. Só não são maioria na universidade. Ainda.
Ascensão profissional e social, independência financeira, marcas das últimas décadas do século XX que, combinadas à democratização dos métodos contraceptivos resultaram nessa profunda mudança do nosso perfil demográfico. O número de filhos por mulher em idade fértil diminuiu para 1,89, segundo o último censo. É menos do que o número suficiente para reposição da população brasileira. Alguns demógrafos acreditam que não chegaremos a ter mais que 204 milhões de brasileiros.
Seja como for, já é inevitável que a partir de 2030 a parcela de idosos venha a representar o dobro da fatia atual.
Como lidar com essa nova realidade? Mudanças urbanísticas, ajustes no mercado de trabalho, sistemas previdenciários terão de passar forçosamente por uma grande transformação. E transformação ainda maior terá de ocorrer nos sistemas de saúde, que somente serão possíveis se nós começarmos desde já a dar saltos na gestão. Temos menos de duas décadas para pavimentar esse caminho. Um tempo relativamente curto. Mas esse é tema para discutirmos no Fórum do Nordeste, que começa no dia 12, em Salvador.
*George Vidor, colunista do jornal O Globo e comentarista econômico da Globonews
**Com o objetivo de promover a troca de informações e o debate sobre tais assuntos, a AHSEB, FEBASE e SINDHOSBA proporcionarão aos diretores e gestores das instituições médico-hospitalares, durante o Fórum Nordeste de Gestão em Saúde, um momento especial no dia 14/09/2012, sobre “As Novas mudanças na Relação entre Prestadores de Serviços e Operadoras de Planos de Saúde” e contará com a presença de representantes da Confederação Nacional de Saúde (CNS), da Agencia Nacional de Saúde (ANS) e dos Hospitais e líderes do setor.
Fonte SaudeWeb
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