Os compradores mais facilmente atraídos pela palavra "antiqueda" são aqueles com tendência à calvície, diz Carlos Thadeu de Oliveira, gerente técnico do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).
"O apelo é para quem tem perda importante de cabelos. Mas os xampus não servem para isso, protegem o fio, não agem diretamente na queda. É uma nova estratégia para vender um velho produto."
A Folha pediu ao Idec uma análise das embalagens dos xampus "antiqueda".
"Examinando bem, a propriedade principal deles é combater a quebra (por nutrição ou fortificação dos fios e do couro cabeludo) ou a caspa", diz Oliveira.
Mas é preciso examinar bem mesmo. O efeito principal fica escondido em letras minúsculas em algum lugar no verso da embalagem.
"Por que não se usa como mensagem a propriedade principal dos xampus? Não é suficiente dizer que um xampu é tonificante? Fortificante? Contra a caspa?", pergunta Oliveira.
Fetiche
Informações como combate à queda são destacadas na parte da frente da embalagem: a que o consumidor usa para se informar e decidir sobre a compra, segundo o técnico.
Elas são acompanhadas por um asterisco, que faz uma ressalva ao apelo: queda por quebra. (A perda de fios ocorre por várias outras causas: genéticas, hormonais, nutricionais, estresse etc.)
"O asterisco virou um fetiche. Ele é tão venerado que aparece até sozinho, sem a explicação que deveria acompanhá-lo. Devem achar que sua simples presença já significaria uma explicação que os consumidores nem sequer vão se dar ao trabalho de ler", diz.
Fonte Folhaonline
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