Adolescentes respondem com menos resistência e adere mais rapidamente às mudanças comportamentais e físicas do que os adultos |
Em outubro de 2012, o Ministério da Saúde anunciou a redução da idade mínima para a realização da cirurgia bariátrica de 18 para 16 anos no Sistema Único de Saúde (SUS), nos casos em que há risco de morte para o paciente. De acordo com comunicado da pasta, a decisão foi tomada com base em estudos que apontam o aumento da obesidade entre adolescentes. Dados da Pesquisa de Orçamentos Familiares de 2009 (POF) indicam que, na faixa de 10 a 19 anos, 21,7% dos brasileiros apresentam excesso de peso. Em 1970, o índice era 3,7%.
A decisão ainda repercute entre os especialistas, que alertam para um possível desvio de conceitos no tratamento do adolescente obeso. Segundo a endocrinologista e diretora da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade (ABESO), Claudia Cozer, a cirurgia não deve ser banalizada com o fim de obter resultados mais rápidos e com menores esforços.
— Essa é uma faixa etária em que ainda temos de estimular a atividade física. Lembrando que também podemos usar recursos farmacológicos e o balão intragástrico, antes de se pensar em cirurgia.
A especialista alerta que a cirurgia é uma decisão para a vida toda e que, por isso, requer exaustiva orientação médica, nutricional e psicoterápica, pois as más indicações ou condutas após o procedimento podem gerar reganho de peso, desenvolvimento de transtornos alimentares e carências vitamínicas.
A endocrinologista reforça, ainda, a importância da educação de base, que contemple a criança e a família, visto que os hábitos devem ser modificados em todo o núcleo familiar, mesmo que de forma gradativa.
— Só conseguimos isso com educação, que deve começar na gestante e na primeira infância. O atendimento pré-natal e pediátrico é fundamental e deve ser continuado com as escolas e meios de comunicação em geral.
A psicóloga Silvana Martani, especialista com mais de 27 anos em atendimento a jovens obesos, afirma que, ao contrário do que muitos pensam, o adolescente responde com menos resistência e adere mais rapidamente às mudanças comportamentais e físicas do que o adulto.
— Podemos dizer que o jovem por estar se desenvolvendo e mudando com rapidez, aceita melhor a identificação dos problemas e as transformações necessárias para um corpo saudável — relata.
Ciente da importância do acompanhamento psicológico no tratamento da obesidade e da dificuldade financeira de grande parte da população em seguir com uma terapia em longo prazo, Silvana começou há cerca de 10 meses um trabalho de terapia em grupo que atende jovens que se submetem ao procedimento do balão intragástrico. A profissional relata o grande sucesso que tem obtido com os jovens, que com o estímulo do dispositivo se sentem ainda mais motivados ao tratamento, mas também amparados em todo o processo de mudança para poder permanecer bem após a retirada do dispositivo.
— O objetivo do balão intragástrico não é atuar sozinho, mas ser um coadjuvante no tratamento global do indivíduo e facilitar o seu acesso à terapia, por meio de atendimento em grupo. Isso tem ajudado estes adolescentes na conquista de um peso saudável e na melhora de sua auto-imagem — conclui Silvana.
Como funciona o balão
— Um dispositivo é inserido vazio no estômago do paciente através de endoscopia, e então preenchido com soro e azul de metileno (estéreis na quantidade de 400ml a 700ml). Realizado sob sedação leve, o procedimento dura em média 20 minutos, podendo ser feito em ambiente ambulatorial.
— Dentro do estômago, o dispositivo proporciona a sensação de saciedade, tanto pelo volume ocupado como pela localização em que é posicionado. Sua permanência no estômago é de até seis meses, tempo em que o paciente perde, em média, 12% do peso inicial. Caso o nível de obesidade do paciente seja muito elevado, pode-se colocar um novo balão no intervalo de um mês após a retirada do primeiro.
Fonte Zero Hora
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