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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Consumo de frutas e hortaliças é insuficiente entre os brasileiros

Apesar de conseguir alimentar-se mais, o brasileiro não está
 necessariamente se alimentando melhor
Alimentos são fonte de carotenoides, substância fundamental para a saúde
 
Os brasileiros consomem menos carotenoides que a média considerada ideal, de acordo com uma pesquisa realizada na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), da USP. Os níveis prudentes de ingestão são de 9 mil a 18 mil microgramas por dia, mas o estudo verificou que a média de consumo nacional foi de 4.117 microgramas por dia, abaixo dos valores preconizados como seguros. Alimentos como tomate e seus derivados, manga, cenoura, acerola, cajá, goiaba, mamão, abóbora, alface, agrião, couve e milho são apenas alguns exemplos de alimentos ricos em carotenoides, e que estão ausentes no prato dos brasileiros.
 
Carotenos são pigmentos orgânicos pertencentes ao grupo dos carotenoides responsáveis pelas cores amarela, vermelha, verde e alaranjada de alguns alimentos in natura. Trata-se de substâncias essenciais para a manutenção da vida e impossível de serem sintetizadas por organismos vivos, sendo necessário, portanto, adquiri-las por meio da alimentação.
 
A pesquisa alerta que o consumo dessas substâncias é proporcional à renda e escolaridade da pessoa. Os carotenoides também são indicadores de uma alimentação saudável e balanceada e seu baixo consumo é o reflexo de reduzida ingestão de frutas e hortaliças, consideradas fontes importantes de nutrientes e fibras.
 
Segundo o mestre em ciência e tecnologia de alimentos, Rodrigo Dantas Amâncio, o Brasil encontra-se em uma fase de transição nutricional. Neste período, os problemas de sobrepeso coexistem com a inanição e problemas relacionados à desnutrição.
 
— Em 2008 e 2009, os índices de déficit de peso reduziram drasticamente e a obesidade dobrou na população adulta feminina e está quatro vezes maior na população masculina adulta, se comparados com dados da década de 1970 — aponta o pesquisador.
 
Apesar de conseguir alimentar-se mais, o brasileiro não está necessariamente se alimentando melhor.
 
Ingestão é fundamental para a saúde
Os carotenoides podem ser consumidos a partir da ingestão de frutas, legumes e verduras, podendo contribuir para retardar e até mesmo prevenir diversos tipos de doenças e suprir a falta de vitaminas. Para suprir o valor indicado bastaria comer um prato de salada de agrião, brócolis e cenoura e, como sobremesa, escolher uma fruta como manga ou pêssego. Entretanto, mais que apenas isso, recomenda-se o aumento no consumo destes alimentos nas refeições realizadas ao longo do dia, sobretudo quando o a refeição é realizada fora do domicílio.
 
O sobrepeso pode causar doenças crônicas não transmissíveis como câncer, hipertensão, doenças cardíacas e diabetes, que são as principais causas de morte no País. Enquanto isso, a carência de nutrientes na dieta pode trazer problemas como a hipovitaminose A, que consiste em uma insuficiência de vitamina A no organismo, podendo levar até mesmo à cegueira.
 
Para evitar tanto um extremo quanto o outro, a ingestão de carotenoides é indispensável. Segundo o pesquisador, o consumo de substâncias bioativas, como os carotenoides (alfa-caroteno, beta-caroteno, beta-criptoxantina, licopeno, luteína e zeaxantina), são considerados antioxidantes podendo prevenir as doenças crônicas não transmissíveis.
 
Consumo varia entre as classes sociais
As pessoas consideradas obesas — cujo IMC é maior ou igual a 30 — são consideradas um grupo de risco no que diz respeito ao desenvolvimento das doenças crônicas não transmissíveis. A pesquisa mostrou que, apesar da necessidade, este grupo não ingere nem metade da quantidade adequada. Quando é analisado o consumo de carotenoides fora do domicílio, esse é o grupo que menos ingere as substâncias, em relação ao consumo total.
 
Também ocorre consumo inadequado dos carotenoides entre os jovens com idade entre 10 e 19 anos. O consumo dessas substâncias é essencial principalmente nesse período da vida, em que a pessoa encontra-se em desenvolvimento e a necessidade de nutrientes que evitem futuras doenças é maior.
 
A pesquisa também avaliou o consumo de carotenoides conforme classes sociais. O resultado é alarmante: pessoas com as melhores renda e escolaridade possuem informação e recursos que as possibilita uma alimentação melhor e mais balanceada.
 
— Já a população de baixa renda e baixa escolaridade tem consumido alimentos de elevada densidade energética (doces, refrigerantes e frituras, por exemplo) e menor custo — explica Amâncio.
 
Uma preocupação do pesquisador é a substituição de alimentos como frutas e verduras por alimentos industrializados, com altos teores de açúcares, gorduras e sódio. Uma alimentação saudável é essencial para a qualidade de vida da população e a educação nutricional é uma intervenção que se faz necessária no cenário atual brasileiro.
 
Fonte Agência USP

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