Quando passa por períodos de insônia, a dona de casa Simone Vereda, 42, recorre ao chá de folhas de maracujá ou à tintura de farmácia à base de maracujá que lhe foi receitada por um fitoterapeuta: "Faço chá bem forte ou diluo uma tampa da tintura em meio copo de água e tomo meia hora antes de ir para a cama. Funciona bem".
Já Paulo Vereda, 46, marido de Simone, diz não ter a mesma sorte. "Se não consigo dormir, as plantas medicinais não funcionam. Já tomei várias tampinhas de tintura de maracujá diluídas em água e nada de fazer efeito."
E é isso o que acontece: para certas pessoas as plantas medicinais funcionam, para outras, não.
Diagnóstico
Mas é possível tratar insônia com esses remédios? Médicos acham que não.
"A pessoa pode fazer uso de plantas medicinais por um período curto, mas para tratar a insônia é necessário fazer um diagnóstico, pois pode ser sintoma de doença, como depressão, ou resultar de mau condicionamento", diz Rosa Hasan, neurologista do Grupo de Sono do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.
"O problema das plantas medicinais é a falta de estudos confiáveis. Esses estudos passam por várias fases e abrangem amostras amplas, o que os torna muito caros", afirma a médica.
"Dessas plantas todas [usadas para combater a insônia], só tomei conhecimento de estudos comprovando algum efeito na valeriana", diz Hasan.
Valeriana (Valeriana officinalis). São usadas as raízes. Entre seus princípios ativos estão os valepotriatos, que aumentam as concentrações do ácido gama-aminobutírico, neurotransmissor que inibe a atividade cerebral causando relaxamento.
É tóxica em altas doses e em uso contínuo, alerta Sylvio Panizza, em seu livro "Plantas que Curam: Cheiro de Mato" (São Paulo, Ibrasa, 1998).
Maracujá (Passiflora edulis e Passiflora incarnata). São usadas as folhas. Segundo Harry Lorenzi e Abreu Matos ("Plantas Medicinais no Brasil", Instituto Plantarum, 2002), o efeito calmante do maracujá se deve principalmente a um alcaloide chamado passiflorina e a um flavonoide chamado crisina.
As folhas da planta também possuem uma molécula que ao ser quebrada pela água se transforma em substância tóxica (ácido cianídrico). Por isso é recomendada a fervura demorada do chá.Doses altas de passiflora e tratamento repetido por largos períodos são desaconselhados por especialistas
Capim-limão(Cymbopogon citratus). São usadas as folhas. Embora faltem estudos científicos sobre seus componentes químicos, sabe-se que essa planta é desprovida de ação tóxica.
Porém, microfragmentos das suas folhas, no chá, podem causar irritação na boca e nas mucosas.
Mulungu (Eythrina mulungu). São usadas as cascas. Tradicionalmente empregada para combater ansiedade e insônia.
Possui várias classes de alcaloides, inclusive de ação hipotensora, mas faltam pesquisas demonstrando sua ação no sistema nervoso.
Na planta, que é usada no preparo da cerveja, foram isoladas mais de 300 substâncias, destacando-se óleo volátil e resinas, como a lupulona.
É indicada como calmante, mas faltam estudos que expliquem seu funcionamento.
Erva-cidreira (Melissa officinalis). São usadas as folhas. A planta é tradicionalmente indicada como calmante em casos de ansiedade e insônia.
Contém citronelol, limoneno, linalol, geraniol, triterpenoides, flavonoides, resinas, substâncias amargas e óleo essencial.
Também faltam estudos sobre a ação da melissa no sistema nervoso.
Fonte Folhaonline
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