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terça-feira, 28 de maio de 2013

Primeira geração com HIV enfrenta envelhecimento precoce

Primeira geração com HIV enfrenta envelhecimento precoce Any Linnes/Dreamstime
Estudos apontam que o corpo de uma pessoa que vive
 por muitos anos com o HIV acaba funcionando como o de
alguém que tem, em média, 15 anos a mais
30 anos depois da descoberta do vírus, doença está longe de ser uma sentença de morte
 
Passados 30 anos da descoberta do vírus responsável por causar a aids e pelo menos 15 anos depois de o diagnóstico ter deixado de ser considerado uma sentença de morte, a primeira pergunta que muitos pacientes ainda fazem logo após saber que são soropositivos é: quanto tempo eu tenho de vida? O infectologista Alexandre Naime Barbosa tem a resposta na ponta da língua:
 
— O mesmo tempo que qualquer outra pessoa da sua idade.
 
Fica para os soropositivos com longo tempo de convivência com o vírus, porém, uma outra constatação. Os pacientes vivem mais, sim, mas envelhecem mais rapidamente.
 
O advento da terapia antirretroviral, com vários medicamentos, conseguiu controlar a principal causa de morte durante o início da epidemia: as doenças oportunistas, que surgiam depois que o vírus, em multiplicação alucinada, aniquilava as defesas do organismo.
 
As drogas conseguiram diminuir a replicação do vírus a ponto de a carga viral, nas pessoas que tomam o remédio rigorosamente, ficar indetectável no sangue. Algumas partes do corpo, porém, funcionam como reservatório do vírus, como os sistemas nervoso central e linfático. Uma espécie de refúgio, já que neles os vírus ficam fora do alcance das drogas e continuam se replicando lentamente.
 
— A gente assistiu à história de 30 anos da doença vendo-a de trás para frente. A primeira visão foi catastrófica. A aids levava a uma profunda redução da imunidade, a ponto de a pessoa morrer em decorrência das doenças oportunistas. Conseguimos mudar isso, tratar as pessoas. Aí, começamos a ver a doença pelo começo — diz Ricardo Diaz, infectologista da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp).
 
Nos últimos anos, vários estudos em todo o mundo vêm mostrando que o corpo de uma pessoa que vive por muitos anos com o HIV acaba funcionando como o de alguém que tem, em média, 15 anos a mais.
 
As comorbidades mais comuns são as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular cerebral), que têm uma prevalência maior nessa população. Em segundo lugar, vêm os vários tipos de cânceres, como o de próstata, mama e colo de útero. Também são comuns perda de massa óssea, diabete e distúrbios neurocognitivos, como demência precoce. E deficiência renal, mas que pode estar mais relacionada ao próprio uso dos remédios.
 
A solução, afirma o médico, é tentar lidar preventivamente com isso, associando outros medicamentos quando necessário.
 
— Mulheres com o HIV devem fazer o exame de papanicolau e mamografia a cada seis meses. Recomendamos que todos sempre tomem vacinas.
 
Com esses cuidados, diz, mesmo com uma incidência maior de outros problemas de saúde, não há impacto na expectativa de vida.
 
— A mortalidade é praticamente igual a de quem não tem HIV. Só é preciso ter mais cuidados.
 
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo

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