Aplicativos, carreira, concursos, downloads, enfermagem, farmácia hospitalar, farmácia pública, história, humor, legislação, logística, medicina, novos medicamentos, novas tecnologias na área da saúde e muito mais!



quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Conhece alguém que fala cuspindo? Pode ser um problema na língua

A situação é embaraçosa: você vai conversar com alguém – chefe, colega de trabalho, amigo ou apenas um conhecido – e tem sempre a impressão de estar levando um banho de saliva. As gotículas voam pelo ar o tempo todo. Eles são motivos de piada e muitas pessoas simplesmente evitam suas companhias. Pois saiba que o problema tem nome: avanço de frênulo lingual, e a solução é bastante simples.

“O frênulo lingual é uma membrana que vai, normalmente, do meio da parte inferior da língua até o ‘chão’ da boca. Basta olha no espelho e levantar a língua que é possível observá-lo. Essa membrana é uma espécie de freio da língua, limita a movimentação em algumas direções e ajuda a articular palavras e mesmo no processo de deglutição de líquidos e alimentos”, explica Irene Marchesan, fonoaudióloga e presidente da Sociedade Brasileira de Fonoaudiologia.

“O problema ocorre quando o frênulo avança em direção à parte fronta da boca. A língua passa a ficar mais limitada em seus movimentos e isso é sinônimo do aparecimento de diversos problemas que vão de alimentação comprometida, fala errada e, o mais reconhecido, excesso de salivação (que é o que causa essa impressão de ‘falar cuspindo’”, complementa a especialista.

Problema de formação
O frênulo avançado não é algo que aparece com o tempo. A condição é congênita e os bebês com esse avanço de frênulo podem já resolver a questão na maternidade mesmo.

“O avanço de frênulo na primeira infância – antes do aparecimento da fala – pode acarretar em problemas e déficits nutricionais. Isto porque a movimentação da língua influencia na deglutição dos alimentos, ou seja, está relacionada com os movimentos para engolir líquidos e sólidos. Bebês com este tipo de problema, portanto, têm dificuldade para mamar, pois fazem muito esforço e perdem o leite materno durante o processo. Normalmente estas crianças babam muito, independente de estarem no processo de amamentação ou não. Então isso, babar demais, é um sinal de problemas na língua”, diz Irene.

A desnutrição em bebês com o avanço do frênulo é um problema tão grave que uma lei foi sancionada pra que o chamado “teste da linguinha” faça parte da série de exames, chamados de neonatais, que são aplicados em bebês recém nascidos.

Primeiras palavras
Com a movimentação da língua comprometida, a fala também vai sendo afetada. Algumas crianças podem ser reconhecidas imediatamente como “línguas presa”. Mas um problema sensível de fala pode não acompanhar o avanço do frênulo.

“A língua pode adaptar os movimentos e não necessariamente é possível notar algum problema imediato de fala. Com o tempo, convivendo com a pessoa, talvez seja mais claro que há algum problema na hora dela falar palavras com ‘R’, um fonema que causa dificuldades em quem tem avanço do frênulo, pois o som se forma no final da língua”, aponta a especialista.

Perdigotos e espuminha no canto da boca

Falar cuspindo, portanto, é resultado de duas funções da língua que são comprometidas. Primeiro a deglutição: como o processo de engolir não se limita apenas aos alimentos, mas também à saliva, as dificuldades para engolir vão fazer com que sempre haja excesso de saliva na boca.

O segundo problema é o da movimentação da língua na hora de falar. Este movimento errado pode facilitar que a pessoa, ao tentar formar o fonema do “R” na ponta da língua, faça a saliva em excesso ser expelida na forma de gotículas (o popular “perdigoto”).

“Engolimos uma média de dois litros de saliva durante todo um dia. Além disso, quando falamos a movimentação natural da língua produz um excedente desta saliva para manter a boca sempre lubrificada. Quando o frênulo dificulta a deglutição é natural que haja esse excesso. Muitas vezes pessoas com o avanço do frênulo são apontadas como tendo uma ‘espuminha’ no canto da boca. Isso é outro sinal de uma condição assim”, alerta Irene.

Beijo problemático
Crianças que não foram diagnosticas para o avanço do frênulo ainda na infância e tiveram a fala pouco comprometida (ou pelo menos não o suficiente para os pais consultarem um profissional de fonoaudiologia ou um médico) podem crescer com o problema sem perceber que têm um problema. Mas na adolescência isso rapidamente vai ser notado.

“É um caso bastante comum em consultórios. Meninos e meninas que procuram um profissional de fonoaudiologia porque têm, literalmente, problemas para beijar”, aponta Irene.

“Um bom beijo, como a maioria das pessoas deve saber, se vale não só dos lábios, mas também das movimentações a língua. E com a língua ‘freiada’ pelo frênulo e também com o excesso de salivação, é de se esperar que haja problemas nessa hora. Além disso, certas variações de carícias sexuais ficam comprometidas. São descobertas da idade e, normalmente na adolescência, um problema no frênulo vai fazer com que esses indivíduos procurem rapidamente algum tipo de ajuda”, diz a fonoaudióloga.

Solução simples
Mas para aqueles os jovens e adultos que descobriram que têm algum problema de avanço de frênulo a notícia é bastante positiva.

A solução é simples e envolve um pequeno procedimento ambulatorial, de 15 a 20 minutos, quase indolor e que eventualmente pode precisar de pontos.

“Identificar o problema é mais complexo – por diversos fatores, entre eles a falta de procura por ajuda – do que resolvê-lo. Após o diagnóstico esse procedimento ambulatorial resolve de imediato o problema físico. Depois é necessário algum tempo para readequar a fala aos novos movimentos da língua e também para a deglutição, que vai estar facilitada e, portanto, é algo fácil também”, finaliza Irene.

Fonte O que eu tenho

Um comentário: