Ela gera redução progressiva do fluxo de ar nos pulmões, é causada principalmente pelo fumo e será a 3º causa de morte no mundo em 2020
Morrer sem ar deve ser uma das piores formas de morrer. Se você fuma, imagine isso antes de acender o próximo cigarro e considere parar de fumar o quanto antes. Pensar assim pode parecer mórbido, mas esta imagem é uma ameaça real para os quase 8 milhões de brasileiros portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) , uma condição progressiva causada predominantemente pelo fumo.
Apesar da palavra pulmonar no nome, a DPOC é uma doença sistêmica, ou seja, compromete o corpo todo. Associada a uma reação inflamatória exagerada – uma resposta do organismo a partículas e gases nocivos aos pulmões– ela gera a limitação progressiva do fluxo de ar que entra e sai dos pulmões, e é responsável por 40 mil mortes ao ano no Brasil.
As consequências da gradual redução no ar aspirado e expirado começam de forma discreta. Os sintomas são tosse e catarro crônicos, cansaço e falta de ar. Com o tempo, o quadro evolui para uma bronquite crônica, e vai se agravando até chegar ao estágio mais avançado da doença, o enfisema pulmonar. E os problemas não param por aí: a DPOC pode gerar depressão e fadiga muscular, e aumenta em duas vezes o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) .
“Muitas pessoas com a doença vão parar no hospital por conta de problemas cardiovasculares gerados pela DPOC. E um grande número delas volta para casa medicada para o coração, mas sem ter a doença pulmonar diagnosticada”, diz o pneumologista José Jardim, da Escola Paulista de Medicina.
O diagnóstico da DPOC é o grande entrave para mudar o cenário da doença no Brasil e no mundo. Ele é feito com base no histórico do paciente e com um teste chamado espirometria . O grande problema, afirma Jardim, é que a maioria dos médicos nem chegam a desconfiar da doença quando atende pacientes com problemas respiratórios. Hoje, dos quase 8 milhões de afetados por ela no País, apenas 350 mil estão fazendo tratamento – ele é feito com broncodilatadores, remédios de ação prolongada cujo objetivo é dilatar os brônquios e aumentar o fluxo de ar nos pulmões.
Nem todos os casos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica, no entanto, são consequência do fumo ativo ou passivo. Uma parcela dos doentes (cerca de 20%) tem DPOC por exposição frequente e prolongada a agentes químicos, poluição, poeira e fumaça proveniente da queima de madeira (fogão e forno à lenha).
“Mas a grande maioria dos casos é causada pelo cigarro. O tabagismo não é um vício nem um hábito, é uma doença. E 100% de quem fuma terá algum mal relacionado ao tabaco. A DPOC é um deles” alerta o pneumologista Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
A última estatística mundial da entidade divulgada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre a DPOC mostra que em 2005 a doença matou 3 milhões de pessoas, o equivalente a 5% do total de mortes daquele ano. Desde então os números vêm subindo, impulsionados pelo adoecimento da legião de fumantes e ex-fumantes com mais de 20 anos de tabagismo, quando a DPOC geralmente começa a se agravar. A DPOC já é a 5º causa de morte no País e será, em menos de duas décadas, a terceira a mais matar pessoas em todo o mundo, estima a OMS.
Fonte iG
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