Enfermidade provocada pelo fumo ataca os pulmões e coloca em risco a vida de 7 milhões de brasileiros. A maioria nem desconfia
“DP o que?” Essa é a reação comumente ouvida nos consultórios médicos, quando o paciente recebe o diagnóstico de DPOC – a doença pulmonar obstrutiva crônica.
Considerada a sexta causa de mortalidade no mundo e a quinta no país – devendo subir para a terceira posição no ranking até 2020, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) -, a enfermidade é progressiva, crônica e incapacitante.
Estima-se que 7 milhões de brasileiros sejam portadores da doença, provocada em 90% dos casos pelo tabagismo. Ela é responsável por altos índices de hospitalização, internações e mortes prematuras, piora com o passar dos anos e é mais prevalente no sexo masculino.
Teodoro, personagem de Tarcísio Meira na novela global "Insensato Coração", era portador da doença.
“Mais da metade dos doentes desconhecem seus sintomas e apenas 300 mil estão em tratamento”, diz o pneumologista Roberto Stirbulov, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT).
A exposição constante às substâncias nocivas encontradas na fumaça do cigarro é o que causa a inflamação crônica nas vias respiratórias e nos pulmões. Então ocorre um aumento na produção de secreção e o catarro fica mais espesso e pegajoso. A doença também pode causar fibrose, perda de elasticidade pulmonar e danos nos alvéolos, além de provocar repercussões sistêmicas como doenças cardiovasculares, diabetes, perda de massa muscular, osteoporose.
A maioria dos portadores de DPOC costuma ter falta de ar e tosse diariamente. Só que muitos relacionam a tosse com o fumo e não procuram ajuda médica, quando já podem estar com a capacidade pulmonar comprometida.
“A pessoa nota que suas habilidades físicas se reduzem aos poucos. Percebe que atividades como subir uma escada ou realizar trabalhos domésticos não são fáceis como antes. O esforço causa uma dificuldade grande de respiração, e tosse”, diz Stirbulov.
Diagnóstico
Três respostas afirmativas para cinco questões fecham o diagnóstico da DPOC. As perguntas que o médico faz são:
- Você tosse várias vezes ao dia, diariamente?
- Tem secreção pulmonar todos os dias?
- Cansa mais do que normalmente cansam pessoas da sua idade?
- Tem mais de 40 anos?
- É fumante ou ex-fumante?
Ainda é realizado um exame simples, no próprio consultório, chamado espirometria ou teste do sopro. Diagnosticada no início, há meios de prevenir maiores danos aos pulmões. Mas a doença não tem cura, apenas controle.
Tratamentos
Parar de fumar é a primeira ação proposta para reduzir os danos. “O processo inflamatório da DPOC corre solto, como se fosse um carro a 100km/h. Se o paciente para de fumar, a doença continua avançando, porém sua velocidade passa a 30km/h. Com o tratamento adequado, desacelera ainda mais”, compara Stirbulov.
Os tratamentos disponíveis hoje passam por cessação do tabagismo, reabilitação pulmonar, medicamentos e, quando indicados, oxigenoterapia e cirurgia. “Entre os medicamentos estão os broncodilatadores (que tratam os sintomas, como a falta de ar) e os corticóides inalatórios”, explica o pneumologista Cezar Fritscher, professor titular da Faculdade de Medicina da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS).
Porém, as exacerbações – ou crises - são o principal temor dos pacientes com DPOC, uma vez que levam à maior frequência de internações, progressão mais acelerada da doença e aumento do risco de morte. “Elas são caracterizadas por períodos de piora dos sintomas, como tosse, falta de ar e alterações no catarro. Evitar as exacerbações é o ponto chave no tratamento da DPOC”, completa Fritscher.
Lançado no Brasil no ano passado – e há uns 2 anosem países como Alemanha e Canadá -, o roflumilaste (Daxas) é o primeiro medicamento antiinflamatório para a DPOC. Trata-se de uma nova classe terapêutica que chega ao país, sendo a primeira terapia complementar via oral aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA).
“Se controlarmos o processo inflamatório, diminuímos a progressão da doença”, diz Stirbulov.
A DPOC evolui a partir do agravamento das exacerbações, que vão acontecendo com maior frequência e intensidade com o passar dos anos. “Sendo o tratamento dos sintomas feito por via inalatória, faltava uma medicação oral para atuar nas inflamações, como terapia complementar. Estamos falando de um medicamento inovador com efeito específico, que trata a doença de forma assertiva e supre uma necessidade negligenciada anteriormente, levando mais qualidade de vida ao paciente”, diz José Roberto Jardim, médico pneumologista da Universidade Federal da São Paulo (Unifesp) e membro do comitê internacional de DPOC.
O especialista alerta, porém, que o medicamento não é para alívio imediato dos sintomas, como a falta de ar. “A ideia é levar a menos crises. Mas é importante dizer também que os efeitos começam a ser sentidos após 12 semanas de uso”.
O roflumilaste é indicado em casos graves de DPOC, sendo prescrito um comprido ao dia. Uma caixa com 30 comprimidos tem o preço máximo sugerido de R$ 179,19.
Fonte iG
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