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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma amizade pode ser o melhor remédio para quem tem doenças crônicas

Amizade Positiva é o primeiro site brasileiro para troca de experiências sobre esses males
 
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 500 milhões de pessoas no mundo sofrem com doenças crônicas causadas pela hepatite; mais de 350 milhões, de depressão; e, pelas estimativas do órgão, pelo menos 346 milhões de habitantes do planeta padecem com algum tipo de diabetes. E a OMS alerta: esse número pode dobrar até 2030. Os portadores dessas enfermidades têm em comum o duradouro tempo de tratamento e, na maioria das vezes, a completa falta de informação e de conhecimento de como conviver com a doença. A consequência comum desses dois fatores é o isolamento.

Não é à toa que, em 1937, a Universidade Harvard começou o maior estudo já realizado sobre a saúde humana. Voluntários de todas as idades e perfis tiveram suas vidas analisadas e passaram por entrevistas e por exames periódicos para responder à pergunta – 'O que faz uma pessoa ser saudável?' A conclusão foi surpreendente. O fator que mais influi no nível de saúde não é a riqueza, a genética, a rotina nem a alimentação. São os amigos. Além de fundamental para o bem-estar mental, ter amigos faz bem ao coração e ao corpo. Entretanto, segundo o estudo, se as amizades forem novas é ainda melhor. Tão importante quanto ter amigos do peito é fazer novas amizades durante toda a vida.

Foi esse princípio que motivou três amigos – Bruno, Guilherme e Rodnei – a criarem o site Amizade Positiva. Um amigo em comum, Rafael Sanches Lopes, descobriu que era soropositivo e que conviver com o estigma da doença dificultava os seus relacionamentos. Rafael Bolacha, como é conhecido, é o autor do livro Uma vida positiva. A publicação reúne depoimentos postados no próprio blog do autor ao longo de três anos, desde que foi diagnosticado soropositivo.

— Depois da fase de contar para a família, a maior dificuldade é ligada às relações. É uma grande complicação — enfatiza.

Na avaliação de Rafael, o Amizade Positiva muda a percepção, pois mostra que existem muitas pessoas passando pelo mesmo problema.

— Isso traz uma boa perspectiva, que é a de poder falar sobre assuntos e a respeito de sentimentos que a maioria dos amigos não entende exatamente, além de aumentar a esperança para novas amizades mais duradouras. Sem contar os artigos que, confesso, são uma das ferramentas de que mais gosto no site, já que a mídia às vezes não dá a devida atenção para alguns temas. Recebi o Amizade Positiva como um grande canal de comunicação e de informação — diz Rafael.

E é justamente essa a função do Amizade Positiva. Bruno, Guilherme e Rodnei se perguntavam: 'E se existisse um espaço no qual uma pessoa, vivendo com alguma condição médica diferente, pudesse falar abertamente e sem medo, criando relacionamentos sinceros desde o início?' Para os três amigos, uma convivência tem mais chances de dar certo quando há troca de experiências e quando as pessoas podem ser elas mesmas. A conclusão comum foi que essa possibilidade estava no espaço da web.

— Nosso objetivo é ajudar. Diminuir a sensação de isolamento gerada a partir da descoberta de uma doença crônica. Queremos transformar a marca do Amizade Positiva em um símbolo de aceitação, de tolerância e de inclusão e torná-lo referência — afirma Bruno Siqueira, que é analista de sistemas.

Lançado há cinco meses – e com mais de 700 usuários –, o Amizade Positiva conta tanto com informações médicas quanto com troca de mensagens.

— Não é um site médico. O nosso trabalho passou por uma série de pesquisas e de consultorias, uma vez que queremos informar e promover encontros que resultem em relacionamentos — esclarece Guilherme Bello, o web designer do grupo.

O terceiro parceiro na empreitada é Rodnei Couto, mestre em engenharia de software.

— O formato do site possibilita criar novas amizades. Buscamos ajudar as pessoas a levarem os contatos iniciados na rede para a vida real — esclarece.

Pelo testemunho dos usuários, a finalidade está sendo alcançada. 'Sou portador do Mal Parkinson, há mais de quatro anos, mas isso não me impede ser feliz. Tenho uma família maravilhosa, amo a minha esposa e os meus três filhos. Passar a minha experiência para outros é imensurável', garante P., 54 anos. Na opinião de M., 35 anos, que há quatro convive com Transtorno de Ansiedade Generalizada, conhecer pessoas é muito importante. 'Compartilhar o que você tem com os outros ajuda muito a passar por essa vida cheia de complicações', resume.

Existem sites de relacionamentos de doenças crônicas específicas, a exemplo de HIV, diabetes, Mal de Parkinson, hepatite etc. Nos Estados Unidos, este tipo de trabalho é muito comum. No Brasil, entretanto, há alguns voltados para soropositivos. No Amizade Positiva, diferentemente dos outros sites de relacionamento focados em doenças crônicas, todos podem se cadastrar e não apenas as pessoas que estão vivendo com determinada condição médica.
 
Fonte Diário Catarinense

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