Foto Luís Vieira Médicos e administradores hospitalares saúdam o reaproveitamento de dispositivos cirúrgicos de uso único |
Médicos e administradores hospitalares saúdam o reaproveitamento de dispositivos cirúrgicos de uso único, que dizem ter elevada segurança para doentes e profissionais de saúde e classificam como uma prática corrente em países desenvolvidos.
António Ferreira, administrador do Hospital de São João, no Porto, considera que o reprocessamento destes dispositivos garante até "menos acidentes e mais segurança" do que os próprios dispositivos originais.
"Só por ignorância ou má-fé se pode contestar este processo", afirmou António Ferreira à agência Lusa, num comentário à posição da Associação dos Enfermeiros de Sala de Operações em Portugal, que contestou este reaproveitamento dos dispositivos, considerando-o um "atentado à saúde pública".
Também Vítor Herdeiro, presidente da Unidade de Saúde Local de Matosinhos, disse que o reprocessamento dos dispositivos médicos cirúrgicos é "altamente seguro" e "equivalente a usar um dispositivo novo", afirmando ainda que o reprocessamento permite ao SNS poupar 50% em cada reutilização.
Segundo os dois responsáveis, depois de uma utilização, estes dispositivos são enviados para reprocessamento numa fábrica, que tem de estar certificada.
O método usado garante que são retirados todos os contaminantes dos dispositivos (como máquinas de sutura ou tesouras de corte), que são totalmente limpos, esterilizados, selados e passíveis de rastreabilidade.
De acordo com António Ferreira, esta prática é já seguida no Hospital de São João, unidade que envia os dispositivos para reprocessamento para uma fábrica alemã, tendo o acordo e apoio de médicos e enfermeiros.
Para o cardiologista João Queirós e Mello, o reprocessamento dos dispositivos é um "processo sólido, sério e muito testado no mundo, sendo praticado há cerca de 30 anos nos EUA e há 16 no Norte e Centro da Europa.
Este processo de reutilização surgiu no mundo quando a comunidade hospitalar começou a considerar abusivo que fosse a indústria fabricante a única a poder definir quais os dispositivos que seriam de uso único.
Fonte Correio da Manhã
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