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quarta-feira, 10 de julho de 2013

Engravidar menos de 18 meses após redução de estômago traz mais riscos para o bebê

Um terço das mulheres que engravidam após a cirurgia bariátrica tem maior risco de abortar por deficiências nutricionais. A recomendação é que a gravidez só ocorra depois de 18 meses da operação.
 
Os dados são de uma revisão de estudos publicada na revista científica "Obstetrician and Gynaecologist" e foram corroborados por outra pesquisa da Santa Casa de São Paulo, com 12 gestantes, divulgada nesta semana.
 
Nas gestações que ocorreram antes dos 18 meses, 31% terminaram em perdas espontâneas. Após esse prazo, os casos de aborto ficaram em 18% (dentro do esperado em primeiras gestações).
 
Editoria de Arte/Folhapress
Segundo o cirurgião Carlos Malheiros, chefe do ambulatório de cirurgia da Santa Casa, no primeiro ano após a cirurgia há um risco grande para o feto por conta da desnutrição que a operação causa.
 
"Há uma mutilação no aparelho digestivo. No dia que engravidar, a mulher precisa ter uma nutricionista como melhor amiga. É preciso encontrar um ponto de equilíbrio que possibilite que o feto cresça adequadamente e a mãe não ganhe muito peso."
 
Segundo o endocrinologista Lucas Moura, do Hospital das Clínicas, a mulher só deve engravidar quando a perda de peso estiver estabilizada e seu metabolismo, adaptado à nova rotina.
 
"Nos dois primeiros anos pós a cirurgia, a mulher ainda está perdendo peso de forma acelerada."
 
Cirurgias que desviam o fluxo dos alimentos e excluem partes do estômago e intestino dificultam a reposição de nutrientes. O duodeno (início do intestino) é responsável pela absorção de vários deles, como, cálcio, vitamina B12 e ácido fólico.
 
Segundo Moura, o corpo leva um tempo para normalizar o suprimento de vitaminas e outros nutrientes. É comum haver anemia por deficiência de ferro. Isso causa menos oxigenação sanguínea na gestante, o que prejudica o desenvolvimento do feto.
 
A falta de ácido fólico também pode levar a deficiências no tubo neural do bebê.
 
Além de abortos, outro risco nessas gestações é a prematuridade do bebê. Alguns estudos mostram que o risco de prematuridades antes dos 18 meses chega a 50%. Naquelas que engravidaram dois anos após a cirurgia, o risco fica em torno de 20%.
 
O período de pós cirurgia também afeta a contracepção porque as pílulas orais não são adequadamente absorvidas pelo organismo.
 
"A maioria dos contraceptivos usa uma dose mínima de hormônios para bloquear a ovulação. Esse mínimo pode não ser absorvido depois da cirurgia." Por isso, segundo Moura, a recomendação é que as mulheres usem DIU ou anticoncepcional implantável ou injetável.
 
"E tem que ficar em cima, fazendo exames regulares."
 
Fonte Folhaonline

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