As mulheres grávidas passam seus anticorpos para o feto, o que lhe permite defender-se de infecções até os seis meses de idade, enquanto seu sistema imunológico ainda está imaturo |
Realizado em 246 mães de crianças com "transtornos do espectro autista" e 149
mães de crianças saudáveis, o estudo mostrou que quase um quarto das mulheres do
primeiro grupo tinham uma combinação diferente desses anticorpos do que aquelas
do segundo grupo.
Os "transtornos do espectro autista" (TEA) incluem variedades diferentes de
autismo, entre elas a síndrome de Asperger, que afeta crianças muito
inteligentes, mas com grande dificuldade em interações sociais.
Os anticorpos são proteínas essenciais para o sistema imunológico. Eles
detectam e neutralizam substâncias estranhas ao corpo, tais como vírus e
bactérias.
As mulheres grávidas passam seus anticorpos para o feto, o que lhe permite
defender-se de infecções até os seis meses de idade, enquanto seu sistema
imunológico ainda está imaturo.
Mas eles podem também, de acordo com o estudo publicado na revista
Translational Psychiatry, transmitir anticorpos que impedem que o cérebro se
desenvolva corretamente.
"Descobrimos que 23% das mães de crianças autistas têm auto-anticorpos contra
proteínas que são necessárias para um desenvolvimento neurológico saudável",
explicou à AFP Judy Van De Water autora do artigo, professora da Universidade da
Califórnia, que afirma que esses anticorpos não estavam presentes em mães de
crianças não-autistas.
Os sintomas também se mostraram mais graves em crianças nascidas de mães com
o anticorpo em questão do que em comparação com crianças autistas nascidas de
mães sem esses anticorpos.
Os TAE afetam cerca de um em cada cem nascimentos nos países ocidentais. Os
meninos são três vezes mais afetados do que as meninas por essa doença, cujas
origens permanecem obscuras.
A equipe da Dra. Van de Water foi capaz de identificar 11 diferentes
combinações de sete proteínas alvo de anticorpos associadas aos TEA, cada um dos
quais tem um risco diferente do transtorno autista.
O objetivo agora é encontrar marcadores capazes de identificar o risco de
TEA, o que permitiria "uma intervenção precoce" para ajudar crianças com autismo
para "melhorar o seu comportamento e capacidades", observa Van de Water.
Em um estudo separado, os pesquisadores liderados por Melissa Bauman, também
da Universidade da Califórnia, expuseram oito fêmeas de macacos-rhesus grávidas
aos anticorpos maternos relacionados ao TEA e chegaram a resultados semelhantes:
os macacos recém-nascidos dessas mães "mostraram diferenças de comportamento,
incluindo reações inadequadas em relação a outros macacos", observa o estudo.
Fonte Folhaonline
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