Foto: Porthus Junior / Agencia RBS No Brasil, 23 pessoas morrem vítimas de doenças associadas ao cigarro a cada hora |
No Brasil, 23 pessoas morrem vítimas de doenças associadas ao cigarro a cada hora. São mais de 200 mil mortes por ano. Em escala global, esse número salta para 6 milhões. E o pior é que as estimativas não são nada positivas. A projeção é que os índices dobrem até 2030.
Quando se trata do uso do tabaco, as estimativas podem ser assustadoras: fumar causa, pelo menos, 14 tipos diferentes de câncer; 90% dos casos de neoplasias malignas do pulmão estão diretamente relacionados ao cigarro; quem fuma tem de 15 a 30 vezes maior risco de desenvolver um tumor pulmonar.
E não é à toa, já que, a cada tragada de um cigarro, um indivíduo inspira mais de quatro mil substâncias, entre elas a nicotina, o alcatrão, o monóxido de carbono, e mais outras 60 que são comprovadamente cancerígenas. E os problemas não param por aí.
Além do câncer, mais de 50 outras doenças podem ser desencadeadas pelo consumo de cigarro, entre elas asma, bronquite, enfisema pulmonar, trombose, doença coronariana e até mesmo infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC).
Sono e cigarro não combinam
Uma pesquisa realizada pela Escola de Medicina Charité Berlin, da Alemanha, mostrou que os fumantes têm mais distúrbios do sono e dormem menos do que os não fumantes.
A pesquisa foi feita com cerca de 1.100 usuários de cigarro. Desses, 17% dormiam menos de seis horas e 28% manifestavam dificuldades neste período. Os dados foram comparados ao padrão de sono de 1.200 não fumantes. Nesse grupo foram registrados, respectivamente, 7% e 19% para os mesmos quesitos.
Segundo a Consultora do Sono da Duoflex, Renata Federighi, ao contrário do que se imagina, os usuários de cigarro não se sentem relaxados e não conseguem alcançar o estágio mais profundo do sono, uma vez que a fase mais leve é constantemente interrompida devido aos efeitos da nicotina.
— A substância causa no organismo um resultado parecido com o álcool, podendo ocasionar problemas como ronco, apneia e insônia crônica. Por isso, deve ser evitada por quem deseja um sono reparador e de qualidade — explica.
A consultora ressalta ainda que as noites mal dormidas podem causar inúmeros problemas à saúde. Entre os mais perigosos estão as doenças do coração e o diabetes, que podem ser adquiridas ao longo do tempo.
Quem não fuma também não escapa das estatísticas
O oncologista do Serviço de Tórax do Hospital Erasto Gaertner, Vinícius Basso Preti, faz um alerta para aqueles que convivem com tabagistas. Os chamados fumantes passivos têm risco 30% superior de desenvolver um câncer de pulmão quando comparados com os que ficam longe da fumaça.
Se considerarmos as crianças que convivem com fumantes, o cenário também não é nada positivo. Elas têm três vezes mais chances de desenvolver problemas respiratórios, diz o especialista.
— Crianças que vivem com fumantes em casa apresentaram maior incidência de pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, além de elevada probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta — acrescenta Preti.
Vício em cigarro impacta negativamente no bolso
Segundo o educador financeiro Reinaldo Domingos, autor de diversos livros sobre o assunto, a conta é simples. Com o valor do cigarro em R$5,00, um fumante que consome dois maços por dia gastará, por mês, R$300,00 e por ano R$3.600,00. E isso sem contar os gastos que ele terá nesse período com problemas de saúde.
O ato de fumar não faz só com que o viciado perca dinheiro, mas impacta em todo um desperdício de recursos.
Isso porque este valor é o resultado da soma de vários fatores, como o tratamento das doenças relacionadas ao tabaco, mortes de cidadãos em idade produtiva, maior índice de aposentadorias precoces, aumento no índice de falta ao trabalho e menor rendimento produtivo.
Idosos x Fumo
Pesquisa publicada nos Cadernos de Saúde Pública da Fiocruz, em 2012, indica que a prevalência do hábito de fumar entre idosos é de 12,2%, número que aumenta com o envelhecimento da população.
Para a Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) é preciso investir em políticas públicas de combate ao tabagismo também para os idosos, assim como há campanhas educativas de combate ao fumo às outras faixas etárias da população.
A estratégia de prevenção primária, ou seja, de evitar o início do fumo, é fundamental, mas a prevenção secundária, que promove interrupção do vício também.
Os idosos que fumam, normalmente são tabagistas há anos, o que os deixa mais suscetíveis aos impactos negativos do cigarro, como demência, depressão e osteoporose. O tabagismo está ligado a vários tipos de doenças como câncer de pulmão, estômago, esôfago e bexiga, além de ser fator de risco de infartos e derrames.
Afeta também a pele, que adoece mais e precocemente, ou seja, o aspecto envelhecido é antecipado. Os dentes são igualmente prejudicados, com grande chance de perdê-los.
Paladar e olfato são comprometidos, já que a fumaça literalmente os queima, além da possibilidade de amputações, principalmente dos membros inferiores, por consequência de complicações vasculares provocadas pela toxicidade que eles contêm.
Como largar o cigarro?
Os tratamentos contra o tabagismo envolvem, além do combate químico contra a nicotina, componentes psicológicos e de condicionamento.
Por conta disso, é essencial haver uma mudança de hábito, além do entendimento de que a abstinência provoca reações como irritabilidade, ansiedade, sonolência, inquietação e bradicardia, para assim aprender a lidar com os sintomas.
A adoção de práticas saudáveis como atividades físicas regulares, alimentação balanceada, rotina regular do sono, postura correta ao dormir, uso de travesseiros adequados ao gosto pessoal e ao biótipo, entre outras, são fundamentais neste processo.
— Deixar o cigarro pode ser uma tarefa difícil, mas os benefícios que esta medida traz são muito vantajosos — finaliza Renata Federighi.
Zero Hora
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