São Paulo – O que leva uma pessoa a ficar presa à vontade de fumar é a
dependência causada por uma das substâncias presentes no cigarro: a nicotina.
Mas também está vinculada à carga emocional e aos hábitos, segundo explica a
psicóloga Ivone Charran, coordenadora da área de tabaco do Centro de Referência
em Álcool, Tabaco e outras Drogas.
“Muitos fumantes associam os atos de ir ao banheiro, de tomar um café ou
sentar ao computador ao hábito de fumar. E alguns, por achar que não conseguem
lidar com as dificuldades da vida, com os sentimentos, acendem um cigarro,
associando a ele [o cigarro] a força que obtém. Então, é necessário retomar para
si esta força”, recomenda a psicóloga, defendendo a conscientização dos hábitos
que despertam o desejo.
Ela fez as recomendações ao participar da campanha da Secretaria de Estado da
Saúde de São Paulo pelo Dia Nacional de Combate ao Fumo, em ação de
alerta sobre os riscos do tabagismo. Em um espaço montado na Estação da Luz,
próximo às plataformas de embarque e desembarque da Companhia Paulista de Trens
Metropolitanos (CPTM), dentistas, nutricionistas e outros profissionais passaram
a manhã dando consultas e orientação aos interessados.
Foi oferecida medição do índice de massa corporal e dadas orientações sobre
alimentação saudável. “Muitas pessoas têm medo de parar de fumar e engordar”,
explicou Ivone Charran. Foram feitos também exames de detecção de lesões na
boca, com suspeita de câncer. Os casos graves foram encaminhados para tratamento
em unidades públicas especializadas.
Além disso, quem passou pelo atendimento recebeu folhetos com informações de
alerta contra o tabagismo e um kit denominado fissura, composto por
porções de cravo, canela, uva-passa, semente de abóbora e casca de laranja seca.
O uso das porções é alternativa que, segundo Charran, ajuda afastar o cigarro,
porque deixam um gosto forte na boca, que não combina com o tabaco.
Assim que bateu os olhos no cartaz sobre a campanha o aposentado Wanderley
Zani, de 69 anos, foi atraído para o local onde fez o exame de monoximetria,
equipamento que mede o índice de monóxido de carbono no organismo. Com a mesma
técnica utilizada pelo bafômetro, a presença de gás é detectada quando a pessoa
sopra um bocal.
No caso do aposentado, o resultado foi 28 partes por milhão (ppm) de monóxido
de carbono, que o coloca na categoria do fumante pesado. Nesse tipo de teste, a
classificação tem quatro categorias que se inicia pelo não fumante, que vai de 1
a 6 ppm, passa pelo fumante leve (de 7 a 10 ppm), pelo fumante intermediário (11
a 20 ppm) e acima disso, fumante pesado.
“Eu estou aqui mais por causa da minha filha. Ela fuma muito”, relatou ele, e
“seria bom encontrar uma maneira de estimulá-la a largar o cigarro”. A
orientação que recebeu foi para procurar uma unidade de saúde, a mesma
recomendação feita a vários fumantes submetidos ao exame.
“Eu quero parar [de fumar], porque não quero morrer”, afirmou Vitalina Soares
Pereira, de 65 anos, nascida em Minas Gerais e moradora de Itapecerica da Serra
desde 1989. No teste dela, o resultado do monóxido de carbono foi 15 ppm. Com
kit fissura na mão, saiu com a esperança de atingir o objetivo.
Um estudo feito pelo Ministério da Saúde, por meio da pesquisa Vigilância de
Fatores de Riscos e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico
(Vigitel 2012), indica que a parcela da população brasileira acima dos 18 anos
que fuma caiu 20% durante o ano passado. No Estado de São Paulo, a taxa ficou um
pouco menor, 17%.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário