Rio de Janeiro – No Dia Nacional de Combate ao Fumo, ontem (29), médicos e
especialistas na área elogiaram as políticas públicas implementadas que, nos
últimos 20 anos, contribuíram para uma queda de cerca de 50% no número de
fumantes no país. Para o diretor da Sociedade Brasileira de Medicina de Família
e Comunidade, Ademir Lopes Júnior, a criação de ações complementares e
interligadas permitiu a diminuição.
“Restringiram a propaganda do cigarro, houve um aumento de disponibilidade de
tratamento para quem quisesse parar de fumar e restringiram o número de locais
onde as pessoas podem fumar”, destacou o médico à Agência
Brasil.
De acordo com o Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro,
a Lei 12.546, de 2012, que proíbe o fumo em local coletivo fechado, privado ou
público, não diminuiu a clientela. A percepção desses estabelecimentos, segundo
o sindicato, é que a adesão e o entendimento da sociedade sobre o assunto é cada
vez maior e que os clientes fumantes já assimilaram a legislação em vigor,
retirando-se para local aberto na hora de fumar.
O médico de família também citou as ações do governo, dentro da política
antitabagismo, que vem trabalhando com os pequenos produtores de fumo,
incentivando-os a parar com a cultivo e começar outros tipos de produção,
inclusive com incentivo financeiro.
O epidemiologista do Instituto Nacional do Câncer (Inca), André Szklo,
ressaltou que, embora cada uma das políticas tenha tido sua contribuição na
redução de fumantes, a iniciativa de maior impacto foi a de aumento de impostos
nos derivados do tabaco e de fixação de preço mínimo do cigarro.
“Metade da
queda que ocorreu pode ser explicada somente pela política do aumento dos
impostos”, comentou ele.
Szklo acrescentou que “o aumento do preço do cigarro tem grande impacto na
iniciação, inibe a iniciação por parte de uma pessoa jovem, que ainda não tem o
mesmo poder aquisitivo de um adulto”.
O diretor da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG), Daniel
Kitner, também elogiou as políticas de combate ao tabagismo, mas criticou a
falta de ações específicas para os idosos. “Hoje o idoso é incluído no grande
grupo dos adultos e as orientações vêm para o idoso no mesmo modelo que vão para
o indivíduo mais jovem. Mas sabemos que, depois dos 50 anos, a dependência à
nicotina fica mais intensa do que no indivíduo mais jovem”.
Kitner ressaltou que os idosos começaram a fumar “com idades mais precoces e
acumulam uma carga de pré-disposição ao tabaco mais intensa”. Para o médico,
campanhas voltadas a eles contribuiriam para romper com a crença, por grande
parte dos idosos, que parar de fumar em idade avançada já não causa benefícios
após décadas de fumo acumulado.
“Já temos dados bem seguros da literatura científica provando que a qualquer
momento em que o indivíduo abandone o tabagismo terá benefícios, como melhora de
qualidade de vida, de performance respiratória e anos depois, o risco de câncer
de pulmão começa a reduzir mais, assim como o risco das doenças
cardiovasculares”, enumerou o médico.
A patologista da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), Thais Mauad,
enfatizou que nunca é tarde para deixar de fumar. “Parar de fumar é a medida
mais importante para melhorar a qualidade de vida e até prolongá-la, mesmo em
pacientes mais velhos, parar de fumar traz benefícios à saúde. Entre aqueles que
pararam aos 60 anos, observou-se um ganho [de vida] de até dois anos em homens e
três anos em mulheres”, disse ela.
Agência Brasil
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