Brasília - "Para mim, deixar o cigarro foi uma libertação". É o relato do músico
de 32 anos, Odair Souza que, por 11 anos foi fumante, e depois de mais de cinco
tentativas, deixou o cigarro há dois anos. Dados do Ministério da Saúde mostram
que 12% dos brasileiros são fumantes. Para tentar conscientizar outras pessoas a
seguir o exemplo de Odair, são feitas, hoje, ações educativas em praticamente
todo o país desde 1986, quando foi sancionada a lei que instituiu 29 de agosto
como o Dia Nacional de Combate ao Fumo.
O pneumologista da Divisão de Controle do Tabagismo, do Instituto Nacional do
Câncer (Inca), Ricardo Meirelles, alerta que o tabagismo é uma doença que pode
ocasionar outras 50. Vários tipos de câncer, doenças cardiovasculares, acidentes
vasculares cerebrais (AVCs), além de menopausa, infertilidade e envelhecimento
precoces são alguns dos problemas de saúde que podem ser ocasionados pelo
fumo.
Meirelles explica que, logo depois de deixar o cigarro, o ex-fumante já sente
melhora na qualidade de vida. "Ele sente uma melhora dentro de dois, três dias
no fôlego, se não tiver uma doença respiratória, já dá pra subir uma escada
melhor, fazer exercícios", disse o especialista.
Foi o que aconteceu com Odair. À Agência Brasil, o músico
lembra que decidiu parar de fumar quando começou a sentir dificuldade para
cantar e dor na garganta. "Depois que parei vi diferença em vários aspectos, na
hora de cantar, na respiração, tanto para cantar como pra fazer exercício
físicos, na alimentação, o gosto dos alimentos é muito melhor agora",
destacou.
De acordo com o Ministério da Saúde, 24.515 equipes de 4.371 municípios
brasileiros estão inscritas no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da
Qualidade da Atenção Básica (PMAQ), que inclui o Programa Nacional de Controle
do Tabagismo (PNCT). A meta do governo é reduzir de 15% para 9% a proporção de
fumantes na população adulta até 2022.
O tratamento contra o vício em tabaco do serviço público inclui
apoio psicológico, medicamentos (entre adesivos, pastilhas, gomas de mascar e o
antidepressivo bupropiona), atendimentos educativos e terapêuticos. Segundo
Meirelles, deixar de fumar é difícil, mas o acompanhamento de profissionais pode
tornar o processo mais confortável.
O tabagismo é considerado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) a principal
causa de morte evitável. Além disso, cerca de 1,2 bilhão de pessoas são
fumantes. "Cerca de 80% dos fumantes desejam parar, mas apenas 3% conseguem
realmente abandonar o vício. Além disso, é considerado ex-fumante a pessoa que
fica um ano sem fumar”, explica o cardiologista do Hospital do Coração do
Brasil, João Ferreira Marques. O médico esclarece que, quem abandona o vício
antes dos 30 anos, consegue reestabelecer o organismo a ponto de parecer que
nunca fumou.
De acordo com Meirelles, muitas vezes o fumante espera ter um problema de
saúde para decidir parar de fumar. O médico acrescentou que a proibição de fumar
em locais fechados fez com que muitos fumantes se sentissem incomodados em ter
que deixar o ambiente de amigos para fumar e isso está fazendo com que pensem em
deixar o vício. "Ele está conversando com amigos e tem que sair para fumar, a
pessoa sente-se escrava do cigarro. Se está no shopping e precisa sair pra
fumar, isso passa a ser desconfortável".
Segundo pesquisa da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), entre 1989 e
2010 um em cada três brasileiros deixou de fumar devido à entrada em vigor das
medidas que restringiram a propaganda de cigarros na televisão e em veículos de
comunicação de massa.
Agência Brasil
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