São Paulo – Nos últimos quatro anos, mudou o perfil das mulheres dependentes
químicas, que procuram tratamento no ambulatório do Instituto de Psiquiatria do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Se
antes as mulheres que procuravam tratamento no Programa da Mulher Dependente
Química (Promud) eram em maior número de dependentes de álcool, hoje a maioria é
de mulheres dependentes em drogas ilícitas.
Entre 1996, quando o Promud começou a funcionar, até 2008, 60% dos casos
atendidos no programa correspondiam a mulheres alcoólatras e 40% eram
dependentes de drogas. No entanto, a partir de 2009, o número foi invertido: 60%
dos casos passaram a representar mulheres dependentes de cocaína e
crack e o alcoolismo passou a somar 40% dos atendimentos.
O estudo, que está em andamento e deverá ser divulgado em outubro, durante o
Congresso Brasileiro de Psiquiatria, em Curitiba, mostra que houve mudança na
faixa etária das mulheres que buscam tratamento, com aumento de dependência das
mulheres acima de 30 anos, o que era raro.
“O que temos percebido nos últimos quatro anos é uma mudança no perfil das
mulheres. Quando começamos no Promud, as pacientes eram 60% dependentes de
álcool e mais velhas, entre 40 anos e 50 anos, e as demais 40% eram muito mais
jovens, em torno de 20 anos, dependentes de cocaína. Nos últimos anos, mais de
50% das mulheres que chegaram [no Promud] têm acima dos 30 anos”, disse Patricia
Hochgraf, médica-assistente e coordenadora do Promud.
Segundo Patricia, o Promud não tem respostas sobre o que provocou a mudança.
“Temos algumas hipóteses. Observamos que aumentou muito a oferta de droga. É
mais fácil achar crack. Quase todas as mulheres começam a usar
crack e cocaína com o companheiro, seja marido ou namorado. São mulheres
que nem usavam drogas antes, o que chama muito a atenção”, disse ela. Patricia
ressaltou que muitas mulheres usam crack ou cocaína pensando, por
exemplo, que vão emagrecer.
De acordo com Silvia Brasiliano, psicóloga, e também coordenadora do Promud,
70% das pacientes que procuram o tratamento no Promud o fazem por pressão dos
filhos. O tratamento contra a dependência, segundo Silvia, deve ser procurado o
mais rapidamente possível, principalmente no caso de dependência por
crack. “O crack é uma droga que tem grande poder de causar
dependência. É o tipo de droga em que se deveria procurar tratamento até uma
semana depois”, disse.
Agência Brasil
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