O deputado federal Walter Feldman (PSDB-SP), 59, quer mandar todo mundo tomar
banho. De sol.
Pelos corredores de Brasília, virou o "cara da vitamina D". Médico que atua
como clínico, Feldman distribui livros sobre o tema para colegas do Congresso.
Torce para que eles deem cobertura quando chegar o "Dia D": aprovar uma lei que
torna obrigatória a exposição à luz solar.
Explica-se: o sol estimula a produção pelo corpo desse nutriente --que ajuda
na prevenção de doenças (autoimunes, ossos fracos etc.).
Feldman apresentou em abril, na Câmara, projeto de lei que adiciona o
seguinte direito à legislação trabalhista: ao menos três vezes por semana, todo
funcionário de ambientes fechados (como indústria e escritório) ganha 15 minutos
da jornada para usufruir da iluminação natural.
Ele diz que se expor ao raio infravermelho é muito adequado das 10h às 14h
--com pico ao meio-dia.
Feldman chega a distinguir sua proposta do "banho de sol" nas prisões
--quando a meta é dar uma certa liberdade ao detento, e não assegurar a produção
da vitamina.
Ainda não há previsão para o texto ser votado. Atualmente, deputados o
analisam na Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento
Rural.
Vilão
O problema é que, de uns tempos para cá, o sol passou a ser visto como vilão
--leia-se "câncer de pele".
"Como a maioria das pessoas tem medo dos riscos para a pele, que envelhece e
cria rugas, usa-se muito protetor solar e não se expõe nem o mínimo necessário",
diz o reumatologista Ari Halpern, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Há ainda a forte migração do campo para as cidades. Diferente de "quando
vivíamos na roça e andávamos a pé, ao ar livre", diz a endocrinologista Marise
Castro, da Unifesp.
A saída proposta pelo deputado, contudo, é um pouco radical, dizem os
médicos. "Seria muito mais útil se fizéssemos um esforço para que o SUS
fornecesse a vitamina como suplemento", defende Marise. Para Ari, o foco acaba
desviado: lutar contra o "uso excessivo do protetor".
A Feldman resta torcer para que, no futuro, todos tenham direito a 15 minutos
de sol.
Revista sãopaulo | |
Fonte Folhaonline
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