Brasília - O que exigia um procedimento cirúrgico, agora pode ser
diagnosticado em cerca de dez minutos. A detecção da presença de fibrose no
fígado de pacientes com hepatites B e C, antes feita por meio de cirurgia, pode
ser feita pela elastografia, exame que não é invasivo e se assemelha a um
ultrassom. O exame ainda é para poucos, pois na rede particular chega a custar
R$ 3 mil e a rede pública ainda tem poucos aparelhos.
Carmem Alves Pereira, chefe da unidade de gastrologia do Hospital de Base do
Distrito Federal (DF), explicou que, quando descobre que tem hepatite B ou C, o
paciente deve logo fazer um exame para saber o nível de comprometimento do
fígado, para, a partir dessa informação, ter um tratamento adequado.
Para o exame tradicional é necessário um procedimento cirúrgico, com
anestesia, para ter acesso direto ao órgão e assim saber em que estado se
encontra. Carmem diz que, como toda cirurgia, o procedimento oferece riscos, por
isso a importância da elastografia.
A médica diz que o DF têm três Fibroscan, aparelho usado para fazer a
elastografia, na rede pública. Os aparelhos ficam no Hospital de Base do DF, na
Unidade Mista da Asa Sul e no Hospital Regional de Taguatinga. Cada um custou
cerca de R$ 750 mil.
São Paulo, Bahia e Rio de Janeiro também contam com o exame na rede pública.
A Associação Brasileira de Portadores de Hepatite (ABPH) em breve vai passar a
oferecer em São Paulo esse exame gratuitamente à população.
A estimativa do Ministério da Saúde é que no Brasil 800 mil pessoas estejam
infectadas pelo vírus B e 1,5 milhão de pessoas pela hepatite C. Da infecção até
a fase da cirrose hepática pode levar de 20 a 30 anos, em média, sem nenhum
sintoma.
Humberto Silva, presidente da ABPH, só descobriu que tinha hepatite C depois
de 38 anos com a doença. “Carreguei o vírus por 38 anos, sem dor, sem nenhum
sinal. Quando descobri, estava com cirrose hepática, caminhando para um
transplante ou quem sabe para o óbito”, relembra Silva.
Segundo Silva, há dados da Organização Mundial da Saúde mostrando que apenas
5% das pessoas com hepatite sabem que têm o vírus. Nem sempre há sintomas, mas
os especialistas alertam que cansaço, febre, mal-estar, tontura, enjoo, vômitos,
dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras podem ser
sinais da doença.
Pelos dados oficiais da Organização Mundial da Saúde, 1,4 milhão de pessoas
morrem por ano em decorrência das diversas formas de hepatite. Apenas 37% dos
126 países analisados pela organização dispõem de estratégias para prevenção e
tratamento. O Ministério da Saúde informa que, no Brasil, as hepatites virais
mais comuns são as causadas pelos vírus A, B e C.
No Brasil, há vacinas para a prevenção das hepatites A e B. O Ministério da
Saúde oferece vacina contra a hepatite B nos postos de saúde do SUS e contra a
hepatite A nos centros de Referência de Imunobiológicos Especiais. Não há vacina
contra a hepatite C.
Fonte Agência Brasil
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