Foto: Douglas Aby Saber/ Fotoarena-AFP/EID Mediterranee
Vírus Chikungunya pode ser transmitido por dois tipos
de mosquitos:
o 'Aedes aegypti' (no alto) e o 'Aedes albopictus'
|
A infecção pelo vírus chikungunya provoca sintomas parecidos com os da
dengue, porém mais dolorosos. No idioma africano makonde, o nome
chikungunya significa "aqueles que se dobram", em referência à postura
que os pacientes adotam diante das penosas dores articulares que a
doença causa.
Em compensação, comparado com a dengue, o novo vírus mata com menos
frequência. Em idosos, quando a infecção é associada a outros problemas
de saúde, ela pode até contribuir como causa de morte, porém
complicações sérias são raras, de acordo com a Organização Mundial da
Saúde (OMS).
Este ano, já houve 20 casos da infecção notificados no Brasil desde
maio, de acordo com o Ministério da Saúde. Mas, até o momento, todos são
importados: 19 pacientes contraíram o vírus no Haiti e um, na República
Dominicana. Isso significa que não há evidências de que o vírus esteja
circulando entre os mosquitos do país.
Segundo o secretário de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde,
Jarbas Barbosa, a maioria dos casos são de pessoas que fazem parte da
missão brasileira no Haiti: soldados, missionários e profissionais da
saúde. Os pacientes são dos estados de São Paulo, Rio de Janeiro,
Amazonas, Rio Grande do Sul e Paraná. Saiba mais detalhes sobre a
doença:
Como as pessoas pegam o vírus?
Por ser transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da dengue, de acordo com o infectologista Pedro Tauil, do Comitê de Doenças Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
Por ser transmitido pelo mesmo vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, e também pelo mosquito Aedes albopictus, a infecção pelo chikungunya segue os mesmos padrões sazonais da dengue, de acordo com o infectologista Pedro Tauil, do Comitê de Doenças Emergentes da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI).
O risco aumenta, portanto, em épocas de calor e chuva, mais propícias à
reprodução dos insetos. Eles também picam principalmente durante o dia.
A principal diferença de transmissão em relação à dengue é que o Aedes albopictus também pode ser encontrado em áreas rurais, não apenas em cidades.
Onde o vírus está circulando?
De acordo a OMS, o vírus já vinha circulando nos últimos anos pela África e pela Ásia, principalmente no subcontinente indiano. Mais recentemente, foram identificados casos na Europa. Em dezembro do ano passado, a doença chegou ao Caribe – a primeira ocorrência de surto nas Américas. Até o momento, não existe registro de nenhum caso transmitido dentro do Brasil.
De acordo a OMS, o vírus já vinha circulando nos últimos anos pela África e pela Ásia, principalmente no subcontinente indiano. Mais recentemente, foram identificados casos na Europa. Em dezembro do ano passado, a doença chegou ao Caribe – a primeira ocorrência de surto nas Américas. Até o momento, não existe registro de nenhum caso transmitido dentro do Brasil.
O chikungunya tem subtipos diferentes, como a dengue?
Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
Diferentemente da dengue, que tem quatro subtipos, o chikungunya é único. Uma vez que a pessoa é infectada e se recupera, ela se torna imune à doença. Quem já pegou dengue não está nem menos nem mais vulnerável ao chikungunya: apesar dos sintomas parecidos e da forma de transmissão similar, tratam-se de vírus diferentes.
Quais são os sintomas?
Entre quatro e oito dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas dores articulares.
Entre quatro e oito dias após a picada do mosquito infectado, o paciente apresenta febre repentina acompanhada de dores nas articulações. Outros sintomas, como dor de cabeça, dor muscular, náusea e manchas avermelhadas na pele, fazem com que o quadro seja parecido com o da dengue. A principal diferença são as intensas dores articulares.
Em média, os sintomas duram entre 10 e 15 dias, desaparecendo em
seguida. Em alguns casos, porém, as dores articulares podem permanecer
por meses e até anos. De acordo com a OMS, complicações graves são
incomuns. Em casos mais raros, há relatos de complicações cardíacas e
neurológicas, principalmente em pacientes idosos. Com frequência, os
sintomas são tão brandos que a infecção não chega a ser identificada, ou
é erroneamente diagnosticada como dengue.
Segundo Barbosa, é importante observar que o chikungunya é "muito menos
severo que a dengue, em termos de produzir casos graves e
hospitalização".
Tem tratamento?
Não há um tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
Não há um tratamento capaz de curar a infecção, nem vacinas voltadas para preveni-la. O tratamento é paliativo, com uso de antipiréticos e analgésicos para aliviar os sintomas. Se as dores articulares permanecerem por muito tempo e forem dolorosas demais, uma opção terapêutica é o uso de corticoides.
De acordo com Tauil, da SBI, os serviços de saúde brasileiros já estão
preparados para identificar a doença. "Provavelmente quem vai receber
esses casos são reumatologistas. Já escrevemos artigos voltados para
esses profissionais, orientando-os a ficar atentos a pessoas
provenientes de áreas em que há transmissão", diz o infectologista.
Pessoas que apresentarem os sintomas citados e estiverem voltando de
áreas onde existe a transmissão do vírus, como o Caribe, devem comunicar
o médico.
Apesar de haver poucos riscos de formas hemorrágicas da infecção por
chikungunya, recomenda-se evitar medicamentos à base de ácido
acetilsalicílico (aspirina) nos primeiros dias de sintomas, antes da
obtenção do diagnóstico definitivo.
Como se prevenir?
Sobre a prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à dengue: ela é feita por meio do controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Sobre a prevenção, valem as mesmas regras aplicadas à dengue: ela é feita por meio do controle dos mosquitos que transmitem o vírus.
Portanto, evitar água parada, que os insetos usam para se reproduzir, é
a principal medida. Em casos específicos de surtos, o uso de
inseticidas e telas protetoras nas janelas das casas também pode ser
aconselhado.
Quando surgiu o vírus?
O vírus chikungunya foi identificado pela primeira vez entre 1952 e 1953, durante uma epidemia na Tanzânia. Mas casos parecidos com essa infecção – com febres e dores nas articulações – já haviam sido relatados em 1770.
O vírus chikungunya foi identificado pela primeira vez entre 1952 e 1953, durante uma epidemia na Tanzânia. Mas casos parecidos com essa infecção – com febres e dores nas articulações – já haviam sido relatados em 1770.
Na Ásia, a doença foi detectada pela primeira vez em 1960, durante um
surto na Tailândia, e durante as décadas de 1960 e 1970, na Índia. Em
2007, foram identificados os primeiros casos de transmissão na Europa,
no norte da Itália. Em dezembro de 2013, o vírus finalmente chegou à
América, quando casos foram identificados na ilha de São Martinho (ou
Saint-Martin), nas Antilhas. Atualmente, existe um surto da doença em
vários países do Caribe.
Que medidas preventivas o governo brasileiro adotou?
Desde o ano passado, quando foram confirmados os primeiros casos de chikungunya no Caribe, o Ministério da Saúde começou a elaborar um plano de contingência do vírus para o Brasil. "Existe a possibilidade de transmissão em todo local que há mosquitos vetores", explica o secretário Barbosa.
Desde o ano passado, quando foram confirmados os primeiros casos de chikungunya no Caribe, o Ministério da Saúde começou a elaborar um plano de contingência do vírus para o Brasil. "Existe a possibilidade de transmissão em todo local que há mosquitos vetores", explica o secretário Barbosa.
O plano consiste em promover uma redução drástica da população de
mosquitos nos arredores de onde os casos são identificados e orientar
médicos, assistentes e profissionais de laboratórios de referência sobre
como reconhecer um caso suspeito. Atualmente, seis laboratórios do país
são capazes de fazer o teste para detectar o novo vírus.
Em 2010, o Brasil já tinha recebido três casos da doença do exterior:
dois surfistas que foram infectados na Indonésia e uma missionária, na
Índia.
G1
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