Fatores como a causa direta do aborto, a idade gestacional e até as condições psicológicas da mulher são levadas em conta pelos médicos
Quando engravidou pela primeira vez, a especialista em recursos humanos Priscila Ajauskas, de 34 anos, não imaginava quão comum é passar por um aborto espontâneo durante o primeiro trimestre da gestação. Até o incidente acontecer com ela, depois que o embrião parou de se desenvolver logo nas primeiras semanas. O médico indicou a Priscila aguardar três ciclos menstruais para tentar de novo. Era realmente necessário esperar tanto tempo para ter outro bebê a caminho?
Quando engravidou pela primeira vez, a especialista em recursos humanos Priscila Ajauskas, de 34 anos, não imaginava quão comum é passar por um aborto espontâneo durante o primeiro trimestre da gestação. Até o incidente acontecer com ela, depois que o embrião parou de se desenvolver logo nas primeiras semanas. O médico indicou a Priscila aguardar três ciclos menstruais para tentar de novo. Era realmente necessário esperar tanto tempo para ter outro bebê a caminho?
Priscila acabou engravidando depois de dois ciclos menstruais e deu à luz Rafael, hoje com cinco meses: “Eu não imaginava que fosse engravidar de novo rapidamente, mas os exames confirmaram. Fiquei com um pouco de medo, mas acabou dando tudo certo”. Segundo Osmar Colas, da Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia), não existe um período de espera padrão a ser recomendado. Tudo depende de uma série de circunstâncias.
Tempo de recuperação
Se uma mulher é diabética ou tem pressão alta, e estas complicações causaram o aborto, ela deve esperar até controlar as doenças. Se ela teve um mioma ou outra doença no útero, a mesma coisa.
Mas nem sempre o aborto espontâneo tem uma causa aparente. Nestes casos, Osmar recomenda esperar apenas um ciclo para tentar engravidar novamente. “No primeiro mês após o aborto espontâneo, o útero está se recuperando. Mas quando chega a menstruação, isso significa que as atividades hormonais já voltaram ao normal”, diz.
Para o ginecologista e obstetra Newton Eduardo Busso, da Sogesp (Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo), não há problemas em seguir essa ordem após os abortamentos de fase inicial, ocorridos entre 10 e 12 semanas de gestação. Quando ocorre, no entanto, um abortamento mais tardio, há uma preocupação maior.
“Se o aborto espontâneo ocorre no segundo trimestre, pode demorar um pouco mais para o útero voltar ao normal. Depende do tamanho que o feto já tinha”, diz Osmar. O período é variável, mas costuma levar no máximo 60 dias. Por conta dos hormônios envolvidos nessa fase da gestação, também pode demorar um pouco mais para o ciclo menstrual voltar ao normal.
A empresária Cynthia Salles, de 48 anos, sofreu dois abortos espontâneos entre os dois filhos que teve, Victória e Rafael. O primeiro ocorreu logo no começo da gestação, mas o segundo aconteceu aos quatro meses. “Nesta segunda vez foi mais complicado e eu tive que fazer curetagem”, conta. Ambas as vezes o aborto ocorreu por malformação congênita, e ambas as vezes a indicação feita pelo médico era esperar que o útero voltasse ao normal para tentar engravidar novamente. Isso costuma acontecer por volta de 40 dias após o aborto espontâneo, quando a mulher começa a menstruar novamente.
De acordo com Osmar Colas e o ginecologista e obstetra Ricardo Barini, especialista do Ambulatório de Perdas Gestacionais do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM) da Unicamp, aproximadamente 15% das gestações sofrem uma interrupção espontânea. “Na maioria das vezes isso acontece por um problema na gravidez, e não por um problema com a grávida”, diz Ricardo.
“Em geral não há uma causa específica, mas se ocorrem três abortos espontâneos seguidos, então deve ser feita uma investigação”, afirma o ginecologista Cláudio Bonduki, da Unifesp. A hora de voltar a tentar, segundo ele, também vai depender de quanto tempo a gestação já tinha.
Mas, segundo Ricardo Barini, o período pode se espichar entre três e seis meses caso o especialista leve em consideração as questões emocionais. “O período se ajusta à espera pelos resultados dos exames e dá tempo para lidar melhor com o lado emocional”, diz.
Cynthia sabe o quanto perder um bebê desejado pode abalar psicologicamente a mulher. “Você fica muito receosa de perder novamente”, diz. O ginecologista e obstetra Newton observa que as pacientes só sentem seguras quando a nova gestação passa o número de semanas em que ocorreu o aborto da anterior. “Do ponto de vista fisiológico, isso não faz diferença. Assim que o ciclo menstrual é restabelecido, ela já pode engravidar novamente. Mas, se a mulher se sente insegura, é melhor esperar um pouco mais ou procurar um terapeuta”, finaliza.
Fonte IG
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