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segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Estresse pós-traumático é comum nos EUA após ataques terroristas

Estresse pós-traumático mulher
Transtorno é o tipo mais comum de psicopatologia após um acontecimento traumático de grande escala

Os ataques terroristas do dia 11 de setembro, que aconteceram há exatos dez anos, colocaram a psiquiatria ante um desafio enorme: milhares de pessoas afetadas por transtornos de estresse pós-traumático e que lutam diariamente para superar os fantasmas do passado. Um exemplo surpreendente da persistência do estresse traumático após 10 anos dos atentados ocorreu na semana passada, com o tremor de terra sentido em Nova York que provocou a evacuação espontânea de muitos edifícios.

— Pensando nas pessoas aterrorizadas após o 11 de setembro, algo inesperado aconteceu neste dia. Por causa de um pequeno terremoto, muita gente experimentou reações traumáticas — afirma o médico Jacob Ham, encarregado do programa de Recuperação Emocional e de Resistência ao Estresse Traumático do Beth Israel Medical Center.

Segundo ele, a primeira coisa que passou na cabeça dessas pessoas foi "Ah, meu Deus, será que é outro ataque?". O médico refere-se aos sintomas do transtorno por estresse pós-traumático (TEPT), que apareceram de maneira inconsciente com o pequeno terremoto.

O TEPT é o tipo mais comum de psicopatologia experimentada após um acontecimento traumático de grande escala, como foram os ataques de 2001. Seu conceito foi lançado em 1978 pelo professor de saúde mental, Charles Figley, em um livro sobre os veteranos da guerra do Vietnã.

De acordo com o Instituto Nacional americano de Saúde Mental, o TEPT é classificado em um grupo de transtornos de ansiedade. As pessoas que sofrem com ele sentem estresse e medo em situações que não oferecem perigo para a integridade física e mental das pessoas.

Pesquisa vai avaliar consequências
O Departamento de Saúde de Nova York acaba de lançar um questionário para conhecer as condições mental e física de mais de 70 mil pessoas expostas aos ataques do 11 de setembro.

— Somente agora depois de ter passado tempo suficiente, podemos investigar os efeitos potenciais tardios e em longo prazo na saúde associados com a exposição ao World Trade Center — disse o chefe de departamento, Thomas Farley, em um comunicado.

A pesquisa inclui perguntas sobre experiências de depressão, ansiedade e estresse traumático antes e depois do 11 de setembro, com o objetivo de determinar e entender o impacto da tragédia em longo prazo na saúde mental. Os números oficiais da cidade de Nova York mostram que pelo menos 10 mil bombeiros, policiais e civis presentes no momento dos ataques terroristas desenvolveram TPET.

Ultrapassando esses números, o Departamento de Saúde de Nova Iorque estima que 61 mil das 409 mil pessoas que estavam na área onde ocorreu a tragédia provavelmente tiveram sintomas de TPET nos seis anos posteriores aos ataques.

A revista American Psychologist analisa em uma edição especial o trauma vivido e o trabalho realizado pela psicologia depois dos atentados as Torres Gêmeas e ao Pentágono.

— As evidências apoiam a conclusão de que a carga de TPET nas pessoas expostas ao 11 de setembro é substancial e duradoura — afirma os especialistas Yuval Nuria e Ben Adams (Universidade de Columbia) e Laura DiGrande (Departamento de Saúde e Higiene Mental de Nova Iorque) em um dos artigos.

"Diferentes"
Outra pesquisadora, Roxane Cohen Silver (Universidade da Califórnia) vai mais longe e afirma que os americanos são "diferentes agora". Em efeito, como lembra o professor de psicologia Scott Morgan, da Universidade de Drew, no 11 de setembro de 2001 "o povo americano foi expulso da Disneylandia".

— Os ataques terroristas marcaram o final de uma visão de invulnerabilidade e liberdade dos americanos — disse.

Enfermeira no hospital Beth Israel faz 25 anos, Beth Faitelewicz vive com seu marido e três filhos próximo ao local onde se encontrava as Torres Gêmeas. As reações e sequelas do desastre na família são diversas. Beth, 50 anos, disse não ter sofrido estresse pós-traumático, mas seu marido ainda sofre, o que no final também a afeta.

— Quando uma pessoa da família é afetada, todos os outros sofrem. Nunca busquei ajuda, deveria, mas nunca fiz isso. Enfrento as coisas dia após dia. Tenho que ser forte, sou mãe — conta Beth.

Se os ataques deixaram uma marca difícil de ser apagada, 10 anos depois os americanos parecem ter recuperado parte da tranquilidade que foi substituída pela paranoia no 11 de setembro, afirma Leonie Huddy e Stanley Feldman, da Stony Brook University, em outro artigo da revista.

Segundo pesquisas que citam esses especialistas, meses depois dos atentados, 68% dos americanos sentiam medo de um novo ataque, uma porcentagem que se reduziu para 33% atualmente.

Fonte Zero Hora

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