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quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Quênia: Casamentos entre mulheres são alternativa para infertilidade

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Muliro Telewa/BBC
Em algumas comunidades, uma mulher sem filhos assume o papel de pai

Atos homossexuais podem ser fora da lei no Quênia, mas uma antiga tradição de algumas comunidades permite casamento entre mulheres.

A surpresa maior é que isso acontece num país onde líderes religiosos dizem que uniões gays são "não africanas" - e os que mostram abertamente suas relações enfrentam reações hostis da população.

No entanto, esses casos envolvendo mulheres não são vistos sob o mesmo prisma.

Em determinadas comunidades no oeste do país, se uma mulher não tiver filhos, ela assume o que se considera o papel masculino em um novo casamento, oferecendo uma casa para uma mulher mais jovem com o intuito de constituir uma família, incluindo filhos.

A mulher mais jovem é encorajada a encontrar um parceiro sexual no clã de sua parceira mais velha, para conseguir engravidar.

Os filhos, no entanto, serão considerados como filhos do casal de mulheres.

A queniana Juliana Soi, de 67 anos, conta seu caso.

- Eu me casei de acordo com nossa tradição, que diz que se uma mulher não tem a sorte de ter seus próprios filhos, pode encontrar outra mulher para honrá-la com crianças.

Sentada em uma cadeira na sombra do lado de fora de sua casa de palha em Elburgon, na Província do Vale do Rift, ela diz que casou com Esther no início dos anos 1990.

'Crianças são como cobertores'
Esther, que se manteve calada durante toda a entrevista, tem 20 anos a menos que Juliana Soi e, juntas, elas têm cinco filhos.

- Você sabe, crianças são como cobertores. A pessoa precisa ter seu próprio cobertor para não ter que ir à casa do vizinho à noite pedindo o dele, que ele deve estar usando.

O arranjo - praticado entre as comunidades quenianas Kalenjin (que engloba os povos Nandi, Kipsigis e Keiyo), Kuria e Akamba - chamou a atenção do poder judiciário recentemente por causa de um caso de herança que foi levado aos tribunais na cidade costeira de Mombasa, a segunda maior do país.

Em uma decisão história, a Suprema Corte reconheceu no ano passado que, de acordo com a lei de costumes sobre casamentos entre mulheres dos Nandi, Monica Jesang Katam poderia herdar a propriedade de sua mulher.

No entanto, parentes da falecida - que era a parceira mais velha da relação - estão desafiando o veredicto. A disputa é por uma grande casa em Mombasa.

Se o apelo dos familiares falhar, um dos filhos, Franklin Chepkwony Soi, não terá dificuldades em reivindicar sua herança quando ficar mais velho.

- Eu nasci aqui na casa de Juliana e Esther é minha mãe. Juliana se casou com minha mãe porque ela queria filhos que herdassem sua propriedade.

Sem sexo
Ele diz que não sabe quem é seu pai biológico - e que não está interessado em descobrir.

Ele afirma ainda que nunca foi estigmatizado socialmente e que a pequena comunidade em que vive em Elburgon aceita a família.

Mas Juliana explica que ela e Esther Soi fazem questão de dizer que não têm relações sexuais.

- Não! Não! nada sexual acontece.

Ela diz que as duas mulheres dormem em cabanas separadas.

Apontando para Esther, ela continua

- Quando uma mulher como eu decide se casar com uma jovem como esta, já deve estar na menopausa. Neste estágio, as atividades do amor são para as mulheres jovens.

Essa prática majoritariamente rural de uma mulher estéril casar-se com outra para criarem filhos está lentamente acabando.

Em algumas comunidades no Quênia, onde os tratamentos modernos de fertilidade não são acessíveis, a poligamia é o modo preferido das pessoas para lidar com a infertilidade.

Uma mulher que não pode ter filhos geralmente encoraja seu marido a casar-se novamente para que a família possa ter crianças.

Mas a decisão judicial de Mombasa pode desafiar essa abordagem patriarcal e dar aos casamentos entre mulheres uma base mais forte no mundo moderno.

Fonte R7

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