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quarta-feira, 9 de maio de 2012

Metanfetamina causa estragos na juventude da Tailândia

Droga sintética conhecida como "yaba" provoca sérios transtornos mentais

O preocupante aumento de jovens viciados em metanfetamina, droga que também é consumida pelas donas de casa e profissionais, alarma as autoridades da Tailândia, um dos centros mundiais de distribuição de entorpecentes. Até um milhão de tailandeses menores de 24 anos admitem ter experimentado drogas, principalmente a metanfetamina, segundo revela um recente estudo realizado pela Universidade da Assunção de Bangcoc.

Os jovens são mais vulneráveis aos efeitos desta droga sintética, conhecida na Tailândia como "yaba" (droga da loucura), que frequentemente causa sérios transtornos mentais, delírios e episódios psicóticos violentos. Um bom número de consumidores deste narcótico é de adolescentes de entre 15 e 16 anos que adquirem uma dose por 300 baht (cerca de R$ 20) nas ruas de Bangcoc, onde se registra 20% do consumo nacional.

Até pouco tempo, na Tailândia a dependência à metanfetamina era um fenômeno quase que exclusivo do setor social de menor poder aquisitivo e entre pessoas marginalizadas, mas agora os viciados também são filhos de famílias ricas, profissionais e donas de casa.

A pesquisa da universidade mostra que 3,7 milhões de tailandeses, 5,6% da população, consumiram entorpecentes ilegais alguma vez em sua vida. Em seu livro "Merchant of Madness" ("Mercadores da Loucura", em tradução livre), os jornalistas Bertil Lintner e Michael Black alertam para o aumento do tráfico de metanfetaminas procedentes de laboratórios clandestinos localizados na vizinha Mianmar (antiga Birmânia) e de sua proliferação em todas as camadas da sociedade tailandesa.

"A pastilha de yaba representa uma ameaça à sociedade maior que a heroína, porque os consumidores não são apenas os viciados tradicionais - habitantes dos subúrbios, delinquentes e marginalizados -, mas universitários, trabalhadores e motoristas", indicam os autores na introdução do livro.

Há algumas semanas, a polícia matou a tiros um homem que, sob os efeitos desta droga sintética, tomou como refém sua esposa e a ameaçou durante várias horas no meio da rua com uma faca. A maioria das metanfetaminas consumidas neste país, com forças de segurança mergulhadas na corrupção, é elaborada em áreas controladas pela guerrilha da minoria étnica wa, no noroeste de Mianmar.

Lintner e Black apontam que a guerrilha do Exército do Estado Unido Wa controla o tráfico de metanfetamina, que suplantou em grande parte o ópio e a heroína que há décadas são produzidos no chamado Triângulo de Ouro, área na qual convergem as porosas fronteiras de Mianmar, Tailândia e Laos. Este lucrativo negócio também contribuiu para o aumento da instabilidade nessa região, principalmente na área do lendário Rio Mekong, uma das principais vias de transporte do sul da China até o Vietnã e que passa por Tailândia, Laos e Camboja.

Em outubro do ano passado, 13 tripulantes de um navio chinês foram assassinados por supostos narcotraficantes durante sua passagem pelo norte da Tailândia e os soldados que encontraram os cadáveres foram detidos depois por sua suposta relação com as quadrilhas de narcotraficantes de metanfetaminas.

Em uma tentativa de varrer as drogas das ruas, o governo do ex-primeiro-ministro Thaksin Shinawatra empreendeu a polêmica operação "Guerra contra a Droga" entre 2003 e 2005, que terminou com 2,5 mil mortos, muitos deles em execuções extrajudiciais, segundo as denúncias feitas pelos grupos de defesa dos direitos humanos.

Segundo relatório das Nações Unidas, em 2010 foram apreendidos no mundo todo 136 milhões de metanfetaminas, quatro vezes mais que em 2008 - a maior parte na China (58,4 milhões), seguida por Tailândia (50,4 milhões) e Laos (24,5 milhões).

Além do problema de insegurança, não existe uma rede nacional de centros para atender os toxicômanos na Tailândia, onde muitos são tratados em templos como o de Saphan, em Bangcoc, no qual se desenvolvem programas de tratamento em grupo a cargo de monges budistas.

A metanfetamina, sintetizada em 1919 no Japão, é um derivado mais potente da anfetamina que pode ser administrada por via oral, injetável, inalada, fumada ou através das mucosas.

Esta droga sintética produz euforia e alivia a fadiga durante várias horas, mas quando deixa o organismo pode causar transtornos mentais, perda de memória e, com o tempo, patologias graves como a esquizofrenia.

Fonte R7

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