Defensores de enzimas alimentares dizem que elas ajudam o organismo a absorver nutrientes
Matthew Cooper estava sofrendo de um caso tão desagradável da síndrome do intestino irritado que frequentemente tinha de abandonar sua mulher e amigos em restaurantes no meio de refeições. Ele sentia cãibras nas pernas e insônia e tinha casos crônicos de refluxo ácido e fadiga. Um amigo, então, fez com que ele experimentasse a ingestão de enzimas.
— Dentro de uma semana, elas mudaram minha vida — disse Cooper, quiroprático que dirige, em Miami, o Centro de Terapia Enzimática, que usa enzimas para tratar de acne a lesões esportivas.
O corpo humano contém dois tipos de enzimas: as metabólicas, encontradas em todas as células do corpo, que causam várias reações químicas, e as digestivas, que são liberadas no estômago e nos intestinos e ajudam a decompor o alimento em nutrientes utilizáveis.
Um terceiro tipo, as enzimas alimentares, são encontradas em castanhas, legumes e frutas crus. Os defensores da comida crua argumentam que, quando ingeridas, as enzimas alimentares podem ajudar a "pré-digerir" nutrientes, um processo que eles alegam permitir que o corpo utilize uma quantidade menor das suas próprias enzimas digestivas e direcione mais energia para outras funções, como a reparação e a desintoxicação dos órgãos.
A ciência por trás disso, porém, é duvidosa.
— A maioria das pessoas digere muito bem. Quem realmente precisa de um suplemento enzimático tem um problema de saúde e está, provavelmente, sob os cuidados de um médico — avalia Donald Kirby, diretor do Centro de Nutrição Humana do Instituto de Doenças Digestivas da Clínica Cleveland.
Enzimas estão em alta também na cosmética
As enzimas também estão cada vez mais populares em produtos de beleza. A bromelina, uma enzima encontrada no abacaxi, e a papaína, que deriva do mamão, são ingredientes fundamentais das máscaras faciais e cremes clareadores noturnos da Rx Skin Therapy.
Adam R. Kolker, cirurgião plástico de Nova York, vende uma linha de produtos que inclui um esfoliante facial de mamão.
— Para as peles sensíveis, as enzimas são maravilhosas. Elas agem sobre as ligações entre as células na camada exterior de células mortas da pele. Com o tempo, essa ligação se quebra. O que as enzimas fazem é acelerar a reação — explica Kolker, acrescentando que, conforme a pele envelhece, esse processo fica mais lento, fazendo a pele ter uma aparência embotada e sem graça.
A nutricionista Kimberly Snyder, que vive entre Los Angeles e Nova York, defende a ingestão diária de uma enzima digestiva, antes de se comer alimentos cozidos.
— É um dos poucos suplementos que eu recomendo. As enzimas são um dos segredos da longevidade — declara Kimberly, que tem celebridades como Drew Barrymore e Channing Tatum entre seus seguidores.
Com avais assim, não surpreende que a AST Enzymes, uma fabricante de suplementos enzimáticos que tem sede na Califórnia, tenha afirmado que as vendas de seus produtos aumentaram 35% em 2011.
Mas nem todo mundo acredita que esse dinheiro está sendo bem gasto. A nutricionista Janine Whiteson, de Nova York, aconselha os seus clientes que estão com dilatação abdominal a comer abacaxi e mamão e beber chá de ervas antes de optar pela ingestão de cápsulas.
— Não existe nenhum estudo científico importante que defenda que esses suplementos sejam úteis — diz ela.
Fonte Zero Hora
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