Vacina pneumocócica 10-valente introduzida em 2010 no SUS diminuiu morte de crianças
A introdução da vacina pneumocócica 10-valente (conjugada) no calendário do Programa Nacional de Imunização em 2010 provocou uma redução de 59% nos casos de meningite pneumocócica em crianças com menos de dois anos de vida, em São Paulo.
Também houve redução de 62% nas mortes provocadas pela doença - antes da distribuição da vacina eram registradas 43 mortes por ano, em média. Em 2011, ano seguinte ao início da imunização, caiu para 16.
Os dados são de estudo realizado pelo Centro de Vigilância Epidemiológica da Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo, em parceria com o Setor de Infectologia Pediátrica da Santa Casa. Foram analisados os casos da doença durante o ano de 2011 e comparados com os dados entre 2001 e 2009.
No período anterior à vacinação, foram registrados 1.187 casos de meningite em crianças com menos de 2 anos - média de 131 por ano. Em 2011, houve 57 registros. A incidência da doença caiu de 10 para 5 casos em cada 100 mil crianças.
O Brasil foi um dos pioneiros na introdução dessa vacina, ao lado de Finlândia, Holanda, algumas regiões do Canadá e da África. "Vacinas pneumocócicas conjugadas tinham demonstração de efetividade inequívoca. A novidade é que fizemos esse estudo no Brasil e com uma vacina nova", afirmou o infectologista Aurélio Sáfadi, professor da Faculdade de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo e autor do estudo.
Eficácia
A vacina protege contra 10 sorotipos de pneumococo, responsáveis por cerca de 80% dos casos de meningite e pneumonia pneumocócicas, sinusite, inflamação no ouvido, entre outras doenças provocadas por essas bactérias. A eficácia do imunizante começou a ser estudado a partir da meningite porque é doença de notificação compulsória, o que garante dados mais confiáveis.
De acordo com o Sistema de Informação de Agravos de Notificação do Ministério da Saúde (Sinan), em 2011 foram confirmados no País 19.427 casos de meningites - 3.396 pacientes tinham menos de 2 anos. Do total, 41% tiveram meningites bacterianas; 16% delas provocadas por pneumococo (1.114 casos) Entre as crianças até 2 anos, causou 15% das meningites.
"A meningite por pneumococo é a ponta da pirâmide. A base são as pneumonias, que não são de notificação compulsória. A expectativa de prevenção de morte é muito grande, porque é uma doença mais frequente e por isso mata mais", afirma Sáfadi.
O pediatra Reinaldo Martins, consultor científico do Instituto de Tecnologia de Biológicos da Fundação Oswaldo Cruz (Biomanguinhos/Fiocruz), ressalta que a imunização de crianças também provoca proteção coletiva. "O impacto foi avaliado apenas em crianças menores de dois anos. Mas quando elas são imunizadas, diminui a circulação de pneumococos e protege outras faixas etárias. Mas será necessário esperar um pouco mais para avaliar esse efeito", explica.
Tecnologia
O Brasil foi o primeiro país da América Latina a inserir a vacina pneumocócica 10-valente em um programa de imunização. A vacina é produzida pela GlaxoSmithKline (GSK) e o processamento final é feito em Biomanguinhos - um convênio garante a transferência da tecnologia de produção da GSK para a Fundação Oswaldo Cruz.
"A vacina conjugada é uma combinação de 10 antígenos do pneumococo com proteínas. Essa combinação garante imunidade maior e mais duradoura, inclusive de crianças bem pequenas", explica Martins.
A Campanha Nacional de Vacinação contra a Gripe vai até 25 de maio em 65 mil postos de saúde espalhados pelo País. O horário de funcionamento será das 8h às 17h. A meta é imunizar 24,1 milhões de pessoas contra a gripe comum e também o vírus influenza A (H1N1), a gripe suína.
A vacina será aplicada gratuitamente em idosos, crianças entre seis meses e dois anos de idade, grávidas em qualquer período da gestação, indígenas, presidiários, pacientes com comorbidades, mediante indicação médica, e profissionais que trabalham nas unidades que oferecem a vacina.
Fonte Estadão
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