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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Exercícios inspirados em bateristas ganham adeptos nos EUA

 
Ann Johansson/The New York Times
Mulheres usam baquetas especiais (mais pesadas) na aula de Pound
Aulas de fitness inspiradas em movimentos feitos na bateria usam baquetas mais pesadas e prometem malhar o corpo e queimar calorias
 
Cristina Peerenboom não planejava perder peso. Tudo o que ela queria, no verão de 2010, era se distrair de uma certa desilusão amorosa tocando bateria.
 
Mas a baixinha Peerenboom havia quebrado o banquinho da bateria ao subir nele para alcançar um livro, então passou uma hora agachada, praticando suas músicas favoritas do Rage Against the Machine.
 
Na manhã seguinte, Peerenboom – uma personal trainer de Los Angeles, tão hiperativa que tatuou um botão de liga e desliga de computador no lado interno do pulso esquerdo ("é um ponto de pressão", observou ela) – ficou com o abdome e as pernas tão doloridos que mal conseguia se levantar do sofá de uma amiga, em cuja casa estava morando temporariamente (em decorrência da tal "desilusão amorosa").
 
"Me dei conta de que me movimentar agachada ao redor da bateria lembrava bastante a prática de Pilates, só que estando de pé", disse Peerenboom, de 26 anos. Sua anfitriã, Kirsten Potenza, hoje com 27 anos, baterista e ex-remadora universitária, ficou intrigada – elas se conheceram, oportunamente, enquanto tocavam a bateria de Matt Sorum, baterista do Velvet Revolver, em uma festa em Hollywood Hills.
 
As amigas passaram três meses no deck da cobertura de um amigo, tratando de bolar rotinas de agachamento simples, mas de ritmo acelerado, centradas em movimentos ágeis. Elas acrescentaram alusões indiretas (em um dos segmentos, chamado "M", o M significa "músculos") e baquetas de plástico de cor verde fosforescente. Em uma aula de 50 minutos, calculam elas, os participantes batucam em um tapete colocado no chão com o Ripstix de 115 gramas (o dobro do peso de uma baqueta comum) aproximadamente 15 mil – sim, 15 mil – vezes.
 
Os exercícios físicos que elas propõem, conhecidos como Pound, têm sido um sucesso e inspirado catarses cardíacas (e disputa por espaço) em cadeias de academias de ginástica como Crunch, Coregasm e outras de nome descarado, bem como nas academias corporativas da Sony Pictures e, talvez inevitavelmente, nos escritórios centrais da Recording Academy, em Santa Monica.
 
Jack McAlpin, consultor de gestão de 26 anos, confessou que costuma entrar discretamente pela porta lateral de sua academia para conseguir um lugar nas aulas. Depois de sua primeira experiência com o Pound, ficou "andando de um jeito engraçado no dia seguinte", disse ele, em tom de aprovação.
 
"O peso das baquetas muda o ponto de equilíbrio, então ficamos com o corpo esgotado no final."
 
Os músicos que tocam rock dificilmente costumam ter fama de cultivar uma vida saudável, e até recentemente, receber sugestões de boa forma de bateristas – o único cara do palco que passa um concerto inteiro sentado – pareceria tão eficaz quanto atingir uma gordurinha com as baquetas e esperar que ela desaparecesse.
 
Mas o Pound e um punhado de outras opções de exercícios inspirados nos movimentos de bateristas, como o Drums Alive, proveniente da Alemanha, estão transformando tais músicos nos astros do rock do mundo da boa forma.
 
Segundo Donna Cyrus, vice-presidente sênior de programação da rede de academias Crunch, a popularidade instantânea do Pound a levou a ampliar o oferecimento da modalidade na rede para "bem mais do que as aulas sob demanda extras que lançamos no passado".
 
A Hard Candy, rede de academias que tem Madonna como uma das proprietárias, começará a oferecer a modalidade em algumas filiais em 2013. Próximo passo: uma sessão de prática do exercício na academia de Alex Rodriguez, jogador de terceira-base dos Yankees, na Cidade do México.
 
Enquanto isso, o Drums Alive, que consiste em pegar um par de baquetas feitas de nogueira e batucar em uma bola bem grande, que chega à altura dos quadris do praticante e é colocada sobre "steps" para que se pratique um exercício aeróbico, espalhou-se por todos os 50 estados dos Estados Unidos (e por pelo menos outros seis países). Os principais fãs são mulheres de mais de 40 anos que moram em áreas residenciais e muitas vezes frequentam aulas em centros de recreação, disse Jen Dagati, chefe da unidade norte-americana de licenciamento da empresa.
 
Os exercícios, disponíveis no Queens, em Nova York, também são muito populares em centros para idosos (sendo geralmente acompanhados pela trilha sonora de uma "big band"), porque são facilmente adaptáveis para quem tem limitações de mobilidade. A sua criadora, Carrie Ekins, uma americana que reside na Alemanha, teve a ideia de elaborar o exercício ao socar caixas devido à frustração que sentiu depois de machucar o quadril em um acidente de carro.
 
"Creio que nunca se é velho demais para querer se sentir uma estrela do rock", disse Dagati.
 
Para Richard Cotton, fisiologista do exercício e diretor nacional de certificação da Faculdade Americana de Medicina Desportiva, o Pound é mais desafiador do que o Drums Alive "devido à força intensa e a flexibilidade necessárias para tocar o chão". Mas o Drums Alive, acrescentou ele, "também pode ser bastante aeróbico". Que os céticos tomem nota: "se você estiver em boa forma para praticar qualquer um desses exercícios, vai queimar pelo menos a mesma quantidade de calorias que queima em qualquer exercício vigoroso praticado em grupo", disse ele. "Certamente não será uma quantidade menor."
 
Até mesmo tocar bateria no ar, sem baquetas – prática conhecida como "air drumming" – começou a ser uma atividade mais respeitada, pelo menos enquanto exercício aeróbico.
 
Ari Gold, escritor e diretor da comédia sobre o assunto, "Adventures of Power", de 2008 (e, para seu regozijo, "acidentalmente o emissário mundial de algo tão sublime e ridículo"), no ano passado acabou interpretando "Hot for Teacher", do Van Halen, como "air drummer" para um público de 5 mil pessoas na Finlândia.
 
"Foi, de longe, o exercício mais intenso que eu já fiz", disse Gold. O elenco do filme de Gold incluiu (que rufem os tambores, por favor) Adrian Grenier. Ari Gold é também o nome do agente do personagem de Grenier na série televisiva "Entourage". Na vida real, eles são membros de uma banda chamada Honey Brothers; Grenier é o baterista.
 
"Mesmo quando estamos apenas tocando ao acaso, todos os nossos membros se movimentam. O exercício é intenso", disse Cotton.
 
Marcus Smith, que trabalhou com a equipe olímpica de boxe da Inglaterra e estuda fisiologia desportiva na Universidade de Chichester, na Inglaterra, tem esperado por um momento de repercussão intensa dos programas de exercícios inspirados na atividade de tocar bateria.
 
Durante um período de oito anos, Smith e sua equipe realizaram testes com Clem Burke, do Blondie, medindo a sua frequência cardíaca, seu consumo de oxigênio e os níveis de ácido lático de seu sangue durante as turnês da banda – Smith é fã do Blondie desde que tinha 15 anos e, segundo ele, é "apaixonado por Debbie Harry".
 
A frequência cardíaca de Burke ficou, em média, entre 140 e 150 batimentos por minuto, o que é equivalente a correr 2 quilômetros em 10 minutos, com picos de 190 batimentos, uma frequência cardíaca que equivaleria a 2 quilômetros em cinco minutos.

"Tente subir em uma esteira e alcançar essa mesma frequência cardíaca durante três horas, noite após noite", disse Smith, que estima que apenas um atleta profissional teria condições de fazer isso.
 
Burke, hoje o nome por trás do Projeto de Percussão Clem Burke e que também trabalhou com os bateristas das bandas Bloc Party e Primal Scream, queima cerca de 600 calorias por hora em um show. Isso é mais do que ele queima correndo, disse Smith.
 
O que Burke, de 56 anos, pensa sobre esse momento em que os exercícios físicos inspirados na bateria estão se desenvolvendo cada vez mais? É claro que ele é a favor de qualquer coisa que apresente a bateria "de modo positivo", mas se disse hesitante quanto a novos exercícios: "Cinquenta pessoas com baquetas? Deve ser algo bem barulhento". Surpreendentemente, não é pior do que qualquer outra aula de academia feita com música alta. As criadoras do Pound muitas vezes dão aulas sem microfone.
 
Neil Peart, que os leitores da revista Rolling Stone elegeram em uma enquete de 2011 como o terceiro melhor baterista de todos os tempos e que inspira algumas pessoas que frequentam academias, disse que nas três semanas e meia de ensaios que teve antes de sua banda, Rush, começar a sua turnê de 2012, recentemente, ele perdeu pelo menos 4,5 kg. Peart, que disse trocar de roupa duas ou três vezes por dia por causa do suor, brincou: "É uma oportunidade de negócios óbvia. 'Você quer perder peso e tonificar o corpo inteiro, do seu nariz até as pontas dos pés? Inscreva-se agora no novo e fabuloso programa de exercícios na bateria do Bubba!'" (Bubba é o apelido de Peart.)
 
A perda de peso não aconteceu porque Peart, de 59 anos, estava fora de forma. Ele começou a praticar natação de longa distância quando tinha 30 e poucos anos e prefere esquiar na modalidade cross-country. Em um dia de folga entre shows realizados em Red Rocks, no Colorado, em 2010, decidiu dar corpo à trama de um romance baseado no álbum "Clockwork Angels", lançado pela banda em 2012, escalando o monte Evans, de 4.348 metros de altitude, com o coautor do livro, Kevin J. Anderson.
 
Neste ano, o regime de exercícios pré-turnê começou em fevereiro. Três vezes por semana, Peart pedalava por 20 minutos até a sede da ACM em Los Angeles, onde mora, trocava o capacete por uma bandana e passava 30 minutos na bicicleta elíptica (nos quais mantinha o ritmo cardíaco perto do máximo recomendado), fazendo ainda ginástica, ioga de saudação ao sol (o baterista mantinha cada postura por tempo suficiente para pronunciar a palavra "Mississippi" 20 vezes) e voltava para casa também pedalando.
 
Qual a sua música favorita para fazer exercício? O silêncio.
 
"A única atividade que combina com a música é dirigir", disse Peart. "Para mim,
praticar exercício tem a ver com força de vontade."
 
* Por Courtney Rubin
 
Fonte iG

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