Criopreservação de tecido ovariano permite também manter as funções fisiológicos
ovarianas
A criopreservação de tecido ovariano é objeto de pesquisa do Departamento de
Ciências Morfológicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). A
técnica pode beneficiar pacientes oncológicas, que muitas vezes ficam
impossibilitadas de ter filhos por conta dos efeitos da quimioterapia.
O objetivo do estudo da UFRGS, coordenado pela professora Adriana Bos-Mikich
em parceria com o Centro de Pesquisa e Reprodução Humana Nilo Frantz, é garantir
não só a possibilidade de a mulher ter um filho biológico, mas também de manter
todas as funções ovarianas preservadas após o tratamento.
— Hoje é possível criopreservar o gameta feminino, que é fertilizado
artificialmente, sendo os embriões resultantes transferidos ao útero da mulher,
que está menopausada — explica Adriana.
A infertilidade após o tratamento quimioterápico é causada porque os
medicamentos acabam afetando células saudáveis, ao mesmo tempo em que atacam as
cancerígenas. A intenção da pesquisadora é permitir que adolescentes e mulheres
jovens mantenham as funções fisiológicos da vida reprodutiva, com os ciclos
ovarianos normais de mentruação, fertilidade, libido e efeitos na pele e no
corpo da mulher de uma maneira geral por um período prolongado de tempo.
Atualmente, o retransplante de tecido ovariano que teve maior período de vida
nas pacientes foi de sete anos e permitiu o nascimento de oito bebês sadios e
normais de três mulheres previamente tratadas para uma condição oncológica.
— Nosso objetivo é aumentar esse período de viabilidade do tecido para até 10
ou 20 anos. Diferentemente do homem, que renova seus gametas, a mulher já nasce
com a reserva ovariana completa, por isso, as células perdidas durante a
quimioterapia, por exemplo, não podem mais ser renovadas, daí a importância da
criopreservação — esclarece a pesquisadora.
Testes são feitos em bovinos
O primeiro passo da pesquisa foi comparar tecidos criopreservados em cápsulas
de metal com tecidos ovarianos frescos. Na comparação morfológica, não foi
detectada perda de propriedades do tecido criopreservado.
— O uso de receptáculos metálicos, em vez de plásticos, ainda não tinha sido
testado em outros centros de estudo que pesquisam a técnica, esse é um dos
diferenciais — comenta Adriana.
A pesquisa também se diferencia por ser realizada em grau clínico, ou seja,
de maneira que possa ser utilizada clinicamente tão logo tenha segurança
atestada e autorizada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa).
O método ainda passará por mais um estágio. O tecido ovariano será colocado
em uma incubadora em uma solução de cultivo por dois dias. Se o tecido
permanecer vivo, será implantado posteriormente em uma vaca. Antes do implante,
o animal passará por uma quimioterapia, simulando os efeitos do tratamento de
câncer. Assim, a pesquisadora poderá verificar se o ciclo ovular da fêmea voltou
ao normal após o reimplante do tecido que havia sido criopreservado.
Segundo Adriana, a vaca é o animal mais indicado para o teste porque tem um
ciclo muito parecido com o da mulher, o tamanho e a estrutura do ovário são bem
semelhantes ao humano e a vaca é mono-ovulatória.
Essa etapa será feita em parceria com a USP Pirassununga e deve ser realizada
até o fim do ano.
Fonte Zero Hora
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