O cérebro, durante a noite, secreta uma substância chamada líquido cefalorraquidiano (LCR) que é responsável por regular uma série de funções no corpo, incluindo o sono e o estado de alerta. Muitas pessoas, entretanto, têm uma produção desregulada do LCR e isso pode se refletir em uma maior necessidade de sono.
O problema foi chamado de hipersônia, e faz com que essas pessoa – e não são poucas – precisem de mais de 70 horas de sono semanais (o normal é que entre 56 e 70 horas semanais sejam o suficiente).
Indivíduos com hipersônia também têm maior dificuldade em acordar pela manhã, e passam o dia com menor concentração, como se não tivessem dormido o suficiente. Problemas no trabalho, na escola e menor sensibilidade a substâncias que as deixariam mais acordadas (como o café ou outros estimulantes) também são característica dessa condição que é relativamente nova para os médicos e neurocientistas.
“Pessoas com hipersônia afirmam se sentir como se estivessem sempre andando em um nevoeiro durante o dia. Eles estão fisicamente acordados, mas não com a mente alerta”, explca David Rye, autor de uma pesquisa sobre o tema publicada no periódico Science Translational Medicine.
“Normalmente quando atendemos pacientes com muito sono pensamos inicialmente em problemas neurológicos, glandulares ou nutricionais e o tratamento passa, muitas vezes, pelo uso de medicamentos estimulantes. Mas isso, sabemos agora, é como acelerar um carro com o freio de mão puxado”, explica o pesquisador da Universidade de Emory, nos EUA.
Confusão e novas técnicas
“A hipersônia é bastante impactante e sabe-se muito pouco sobre a condição. Nosso estudo é um dos primeiros a trazer mais dados sobre isso, o que pode melhorar as técnicas e terapias para tratar o problema”, aponta Merrill Mitler, outro autor da pesquisa.
Em algumas pessoas, diz o artigo, a hipersônia é similar aos efeitos de se tomar sedativos. “Isso é muito similar a uma incosciência, e as pessoas com hipersônia têm que lutar contra isso no dia a dia para conseguir dar conta de tudo o que precisam fazer durante seus afazeres cotidianos”, afirma Rye que lembra ainda que a prevalência do problema ainda não está clara, pois ainda é confundida com outros problemas relacionados com o ritmo do sono.
“Até agora os médicos caracterizavam esse problema como ‘sono longo’, e mesmo chegavam a tratá-lo como uma forma de narcolepsia, o que não confirmamos que não é. Os medicamentos para esse tipo de problema não são os mesmos usados para outros problemas relacionados ao sono ou ao estado de vigília, e estamos tentando descobrir o que pode melhorar o estado de alerta desses indivíduos”, finalizam os autores.
Fonte O que eu tenho
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