Rio de Janeiro – Com a melhora no tempo ontem (6), as águas da enxurrada de
quinta-feira (3) estão baixando e as cidades atingidas fazem a limpeza das áreas
mais castigadas pelas inundações. A preocupação agora é com as doenças que podem
vir com as enchentes, como a leptospirose, hepatite A e dengue.
Em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, região mais afetada pelo temporal,
a Secretaria Municipal de Saúde montou 11 pontos de apoio para que a população
receba atendimento médico, segundo a diretora do Departamento de Atenção à Saúde
da secretaria, Sandra Fernandes.
“Na área da assistência, nós estamos com11 pontos de apoio, fazendo
vacinação, curativo, distribuição de medicamentos para doentes crônicos, estamos
fazendo também ações de vigilância epidemiológica, distribuição de hipoclorito,
orientação para prevenção de leptospirose, desratização e combate à dengue”,
disse.
O hipoclorito de sódio é utilizado para desinfectar a água para o consumo
humano e deve ser aplicado na proporção de duas gotas para 1 litro de água.
Sandra destaca também que a vacina antitetânica só é necessária para quem está
com a vacinação atrasada e teve ferimento.
O médico infectologista Edimilson Migowski, diretor do Instituto de Pediatria
da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), alertou sobre os riscos de
doenças causadas em situações de inundações.
“O primeiro risco é a questão da leptospirose, uma bactéria que penetra pela
pele, proveniente da urina de rato, cães, animais de grande porte que ao urinar
nos ralos, nas ruas, a água lava e remove essa urina. A bactéria tem o formato
de um saca-rolha. Ela tem a penetração ativa na pele, mesmo que a pele esteja
sem qualquer tipo de ferimento”, declarou.
O professor lembra que o risco de contrair a doença e a gravidade aumentam
conforme a pessoa fica mais tempo exposta à água contaminada ou à lama. A
recomendação é se proteger, usando luvas e botas de borracha ou sacos plásticos,
além de fazer uma boa higiene logo depois da exposição à água. Migowski ressalta
que, nos pés, os sacos devem ser usados como meias, com o sapato por cima, para
evitar qualquer contato da pele com a água suja.
De acordo com o médico, a leptospirose se manifesta cerca de uma semana
depois da exposição à água contaminada e a doença pode ser branda, se
confundindo com uma gripe, podendo chegar a infecções graves.
“A leptospirose se manifesta com uma febre alta, dor no corpo, dor muito
forte, dor muscular, também os olhos ficam amarelados. Essa bactéria se confunde
um pouco com a hepatite, mas ela pode dar lesão pulmonar, lesão renal e levar
para uma pneumonia grave, além de insuficiência renal, a ponto da pessoa
precisar de hemodiálise para poder se manter vivo”.
Como o diagnóstico pode se confundir com o da hepatite A, Migowski destaca a
importância de a pessoa informar ao médico se manteve contato com água de
inundações. Ele alerta também que o tempo de manifestação dos sintomas é
diferente, indo de 15 a 50 dias, no caso da hepatite A, e de uma a duas semanas,
no caso de leptospirose. As doenças diarreicas também aparecem em pessoas que
mantiveram contato com água suja.
A Vigilância Sanitária da Secretaria Estadual de Saúde vai analisar a água
dos abrigos em Duque de Caxias e Angra dos Reis, para evitar a transmissão de
doenças. Também vai colaborar com a capacitação das equipes municipais para
identificação precoce das doenças e, após as águas baixarem, serão enviados os
voluntários do projeto Guerreiros contra a Dengue, que ajudarão na limpeza dos
locais e na identificação e eliminação dos focos do mosquito Aedes
aegypti, transmissor da dengue.
Fonte Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário