A hipertensão ou pressão alta traz grandes problemas para o organismo. Fissuras e lesões em diversos órgãos, além do maior risco de AVC e problemas do coração estão entre as complicações associadas à doença. E pior: muitos pacientes sofrem com a chamada hipertensão refratária, que nem os remédios conseguem controlar.
“Aproximadamente 15% dos pacientes com hipertensão sofrem da variação chamada de ‘refratária’, que é quando não há o controle do problema mesmo usando diversos remédios conjuntamente. Alguns chegam a usar três ou mais tipos de medicamento para tentar controlar a condição”, explica Eduardo Saad, cardiologista do Serviço de Arritmias do Centro de Fibrilação Atrial do Hospital Pró-Cardíaco, no Rio de Janeiro.
Para tratar esse problema uma equipe multidisciplinar brasileira está testando um novo procedimento já comum na Europa e amplamente utilizado nos hospitais da Alemanha. Ao invés de concentrar o tratamento com medicamentos, o novo processo interrompe os sinais que passam através da artéria renal e do nervo próximo a ela, que faz a comunicação entre os rins e o cérebro.
“As pesquisas mais recentes da área demonstraram que uma disfunção nesse nervo é um dos causadores da hipertensão. Essa nova técnica, chamada de ‘denervação renal’, conseguem reverter a versão refratária da hipertensão”, diz Saad.
Os pacientes, nesse caso, não deixam de tomar remédios para controlar a pressão, mas ficam mais sensíveis ao tratamento, deixando de lado a necessidade de uso combinado de vários fármacos, que na maioria das vezes não dão conta de deixar o paciente em segurança contra a hipertensão. Diminuindo o consumo dos remédios também diminui os riscos de outros problemas como interações medicamentosas, por exemplo.
Cirurgia simples
“A cirurgia é do tipo minimamente invasiva e usa-se um cateter – ou seja, é uma espécie de cateterismo – que é inserido através de uma artéria que passa pelos rins. Ao fazer a ablação da artéria renal o nervo também é afetado e aos poucos a hipertensão refratária passa a ser melhor controlada”, detalha Saad.
“Após 24 horas de observação o paciente já está em condições de ir para casa”, completa o especialista que apresentou seus resultados de pesquisa no Congresso Brasileiro de Arritmias Cardíacas, que ocorreu semana passada em Curitiba (PR).
Os resultados são tão animadores – assim como demonstraram pesquisas em outros países – que a Sociedade Brasileira de Arritmia Cardíaca (Sobrac) tem incentivado novas pesquisas e difusão da técnica em treinamentos na área de cardiologia.
Vale lembrar que 35% da população brasileira com mais de 40 anos sofre com a hipertensão, de acordo com dados do Ministério da Saúde. Com base nesses números é possível que aproximadamente 2,5 milhões de brasileiros sofram com a versão refratária da doença.
“Estamos detalhando os protocolos de pesquisa, o que quer dizer que em pouco tempo os médicos e pacientes com a hipertensão refratária poderão contar com uma opção bastante efetiva e que pode diminuir o impacto na saúde causado pela pressão alta”, finaliza Saad.
Fonte O que eu tenho
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