Para crianças, a dosagem tem que ser mais precisa que para adultos e para certos medicamentos torna-se um problema maior que para outros |
Conforme os pesquisadores, um quarto de século depois que a American Academy of Pediatrics (Academia Americana de Pediatras) chamou atenção para administrações incorretas de medicamentos líquidos feitas com colheres caseiras, quase 75 por cento dos americanos ainda usa a colher de chá para medir as doses.
Os pesquisadores observaram que o volume pode variar de dois a dez mililitros, dependendo do tamanho da colher. Acrescente-se a esta variação a forma como as pessoas fazem a medida usando a mesma colher, tem-se um potencial problema na quantidade de remédio tomada.
"Pode haver muitos resultados diferentes, de pessoa para pessoa, usando uma colher de chá. Mas mesmo sabendo há anos que a colher caseira não é uma boa maneira de medir a dose do remédio, é isso que as pessoas ainda estão usando", disse Diane J. Madlon-Kay, chefe do estudo e professora associada da Escola de Medicina da Universidade de Minnesota.
Em 1996 Madlon-Kay e Frederick S. Mosch entrevistaram 105 mulheres e 25 homens nas salas de espera de três clínicas na região de St. Paul, Minnesota. Os estrevistados vinham de várias áreas, variadas etnias e camadas sociais. Todos foram observados e testados sobre o uso habitual de instrumentos de dosagens, habilidade para medir corretamente as doses indicadas, capacidade de interpretar corretamente as instruções sobre a dosagem, sempre levando em conta a freqüência recomendada das doses diárias e a quantidade apropriada para crianças, conforme idade e do peso.
Madlon-Kay e Mosch verificaram que 37 por cento do grupo usou colher de chá para medir doses líquidas e que o erro mais comum foi confundir medida de colher de chá ao invés de colher de sopa. Os pesquisadores também verificaram que, de todas as opções disponíveis -- seringas para dosagem oral, colheres cilíndricas, o conta-gotas e um medidor de bebê -, a seringa foi a mais efetiva, pois 92 por cento do grupo conseguiu fazer medidas corretas quando a usaram. Os pesquisadores notaram que a mesma porcentagem de pessoas usou corretamente a colher cilíndrica, mas o uso deste instrumento envolveu derramamentos repetidos e exigiu muitas tentativas antes de conseguir administrar corretamente a dosagem.
Os pesquisadores também verificaram que as mulheres foram significativamente melhores em administrar remédios que homens. No total, quase nove em cada dez pessoas determinaram corretamente a dosagem para criança, o número de doses e o intervalo indicado nas instruções, quando era dito que o remédio deveria ser tomado três ou quatro vezes por dia. Entretanto, menos de quatro em cada dez pessoas interpretaram corretamente as instruções quando era dito para tomar o remédio a cada seis horas.
Madlon-Kay e Mosch concluíram que a seringa oral continua sendo a preferida para medir a dosagem e, quando possível, as instruções deveriam indicam o número de dosagens diárias mais que o número de horas de intervalo entre as doses.
Em entrevista à Reuters Health, Madlon-Kay expressou sua preocupação com o fato de que a informação não tem chegado ao público, alertando para os perigos de dosagens incorretas.
"No campo da medicina, sabe-se disso há algum tempo, mas não tenho certeza como tem chegado ao público. É fácil ter erros potencialmente significativos se não usarmos o instrumento correto. Essas coisas -- como seringas orais -- não são caras e estão disponíveis. Talvez seja apenas uma questão de os médicos educarem seus pacientes", disse a pesquisadora.
Madlon-Kay enfatizou que a superdosagem ou a dosagem insuficiente podem nem sempre levar a conseqüências graves quando administradas a adultos, mas uma atenção maior deve ser dada aos efeitos de erros que podem existir em dosagens para crianças.
"Para crianças, a dosagem tem que ser mais precisa que para adultos e para certos medicamentos torna-se um problema maior que para outros. Dar muito de preparações geladas para um adulto pode não fazer diferença mas para crianças em convalescença pode fazer uma grande diferença", disse Modlon-Kay.
Fonte Boa Saúde
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