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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Entenda o que faz 80% das mães se sentirem tristes depois do parto

Entenda o que faz 80% das mães se sentirem tristes depois do parto Divulgação, stock.xchng/
Rede de apoio incluindo ajuda profissional é fundamental
para o equilíbrio nesse momento
Tristeza materna é resultado de uma avalanche de alterações orgânicas e emocionais
 
O processo do parto terminou e o bebê nasceu. Começa o "pós-parto" ou o "quarto trimestre da gestação". A ligação entre a mãe e o bebê permanece intensa. O bebê, no entanto, adapta-se e começa a existir. A mãe, por sua vez, vive uma avalanche de alterações orgânicas e emocionais.

De acordo com a psicanalista Anna Mehoudar, que há 25 anos atua no atendimento interdisciplinar de gestantes e famílias, esse é o momento que a mãe mais precisa de apoio. E nem sempre a família está preparada para esse amparo. Em alguns casos, é necessária a ajuda profissional.

A tristeza materna ou baby blues é a alteração mais comum nessa fase. Caracteriza-se por um estado de humor depressivo que acontece a partir da primeira semana pós-parto. Acomete cerca de 70% a 80% das mulheres e pode durar até 30 dias.

Às vezes, a mãe sente-se incapaz de lidar com o filho, embora cuide dele com responsabilidade. Tem crises de choro sem motivo aparente ou chora junto com o bebê. Tristeza, cansaço e irritação convivem com alegria e euforia. Mas é preciso atenção aos sinais que demonstram uma alteração psicológica mais intensa.

— É fundamental conhecer um pouco mais sobre elas, identificá-las e tratá-las se for necessário — afirma Anna.

Diferentemente do baby blues, a depressão pós-parto materna é um quadro clínico mais grave, que requer acompanhamento psicológico e psiquiátrico, pois muitas vezes é necessária uma intervenção com medicamentos. É importante que outro adulto cuide do bebê (ou ajude a cuidar dele) até que a mãe se recupere.

Esse tipo de depressão atinge entre 10% e 15% das mulheres. Pode começar na primeira semana após o parto e perdurar por até dois anos. As mulheres costumam se sentir culpadas e tentam esconder um sofrimento intenso, muitas vezes mal compreendido pela família e pelos médicos.

Em geral elas experimentam tristeza profunda e choro incontrolável. Apresentam irritabilidade e mudanças bruscas de humor, além de indisposição, falta de concentração e distúrbios do sono e/ou apetite. Mostram preocupação excessiva com o bebê ou perda de interesse por ele. Algumas têm medo de machucar os filhos. No extremo, surgem pensamentos suicidas e homicidas.

Já a psicose puerperal é um distúrbio mental ainda mais grave, mas tende a se manifestar em menos de 1% das puérperas, de forma inesperada, nas duas primeiras semanas após o parto. A família precisa intervir de imediato.

A puérpera tem comportamentos bizarros e desorganizados, delírios, alucinações e agitação psicomotora. A principal temática dos delírios está ligada ao bebê e a mulher pode ficar agressiva. Também há risco de suicídio. Nesse estado, a mulher precisa de acompanhamento, medicação psiquiátrica e, em casos graves, internação hospitalar.

De acordo com Anna, a mulher precisa de espaço para elaborar o luto no pós-parto. Ela perde a barriga; a condição de ser apenas filha, pois agora é mãe; a atenção de todos, porque o bebê rouba a cena. O seu tempo não mais lhe pertence, pois será dedicado ao recém-nascido; o casal dificilmente consegue ficar sozinho. Desconfia-se, como na canção de Caetano Veloso, que "alguma coisa está fora da ordem".

— Sentimentos de insegurança, solidão, ciúmes, raiva e impotência podem aparecer de diferentes formas — afirma a psicanalista.

Será que o meu leite é suficiente? Quando vou conseguir dormir de novo? Será que vou dar conta? Não sei o que fazer, o bebê não para de chorar! O bebê está tão quieto, será que isso normal? Segundo Anna, esses pensamentos permeiam a vida das mães nos primeiros dias do bebê. Algumas, excessivamente atentas, chegam a acordar o bebê sem necessidade para ter certeza de que está tudo bem. Tudo isso é normal.

Livro
Em 2012, Anna Mehoudar lançou o livro "Da gravidez aos cuidados com o bebê" (120 p., R$ 39,90, Summus Editorial). Na obra, ela aborda aspectos físicos e psicológicos da gestação e dos primeiros meses com o bebê. É um rico manual que trata um tema comum de maneira incomum, com atenção psicológica para cada etapa da gestação e do pós-parto.

No livro, o leitor encontrará informações imprescindíveis sobre as diferentes fases do processo gestacional – das roupinhas que devem ser levadas à maternidade aos sinais de atenção para a depressão pós-parto; dos direitos da gestante às vacinas recomendadas. Tudo permeado pelo olhar experiente de quem já acolheu milhares de pais e mães e realiza um trabalho com obstetras, pediatras, enfermeiros e psicólogos.

Dividida em oito capítulos, a obra responde a perguntas e inquietações frequentes em reuniões de preparo para o parto e cuidados com o bebê. No capítulo "A gravidez: tempo de espera", a psicanalista fala do tempo provável de gestação, da gravidez e da sexualidade, do pré-natal, da evolução em cada trimestre e dos sinais de desconforto e alerta.

Em "O parto: uma passagem", Anna destaca passo a passo um plano de parto, dos sinais de aproximação e confirmação do trabalho de parto aos estágios do processo de nascimento.

Já em "O pós-parto: novos tempos", ela esclarece as dúvidas mais comuns sobre as primeiras horas de vida do bebê e aborda aspectos psicológicos do pós-parto, ressaltando quando é necessário pedir ajuda profissional.
 
Fonte Diário Catarinense

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