Anticoncepcional oral tem contraindicações de uso para algumas mulheres. Em certos casos, comprimido pode favorecer trombose, embolia ou AVC.
Quem toma pílula anticoncepcional não imagina que haja contraindicações para o uso, como no caso de hipertensão, tabagismo, obesidade e diabetes.
Isso porque fatores como pressão alta, cigarro, excesso de peso ou até viagens constantes de avião podem favorecer o aparecimento de trombose nas pernas, embolia pulmonar, infarto ou acidente vascular cerebral (AVC). O risco nesses grupos é até quatro vezes maior que em mulheres normais. E, após a menopausa, as chances aumentam ainda mais.
De acordo com a cardiologista Ludhmila Hajjar, os principais sinais de trombose – que pode ocorrer em qualquer local do organismo em que haja vaso sanguíneo – são: dor, inchaço e fraqueza nas pernas. Se for em outra região, também pode haver falta de ar, dor no peito, dor de cabeça ou náusea. Grávidas têm 40 vezes mais probabilidade de desenvolver o problema, e mulheres no pós-parto têm 300 vezes mais, explicou o ginecologista José Bento.
Estima-se que mundo todo 200 milhões de mulheres já tomaram pílula desde que ela foi introduzida na prática médica, há 50 anos. No Brasil, a Pesquisa Nacional de Demografia e Saúde da Mulher (PNDS), feita em 2006, mostrou que 26% das mulheres de 15 a 44 anos faziam uso recorrente desse contraceptivo.
Segundo José Bento, é importante que a mulher só inicie o uso da pílula sob orientação médica, e avise os profissionais sobre isso quando for se consultar. Essa informação pode ser muito útil e evitar problemas futuros.
Com o comprimido, há uma vasoconstrição e o processo de coagulação se acelera, o que pode levar à interrupção do fluxo sanguíneo e à formação de coágulos nos vasos do corpo feminino.
Mulheres obesas, com varizes ou que tenham diabetes também precisam ter cuidado com a pílula e considerar a ideia de optar por outros métodos anticoncepcionais.
Da mesma forma, quem viaja muito de avião, por horas prolongadas, precisa se cuidar. A pressão causada pela altura se reflete nos vasos sanguíneos, que ficam contraídos por mais tempo e têm mais chance de formar tromboses ou coágulos em outras regiões do corpo.
Perigo de uso sem prescrição
A estudante Bruna Romanelli, de 22 anos, teve trombose há sete, por tomar pílula sem orientação médica.
A estudante Bruna Romanelli, de 22 anos, teve trombose há sete, por tomar pílula sem orientação médica.
A perna esquerda dela inchou muito, a jovem foi ao médico e ficou internada por uma semana, em repouso absoluto.
O risco, segundo os especialistas que a atenderam, era de Bruna sofrer uma embolia pulmonar ou ter até que amputar o membro.
A estudante também tinha fator genético envolvido: uma avó já tinha passado pelo problema. Para se prevenir da gravidez e de doenças sexualmente transmissíveis (DST), ela pode usar dispositivo intrauterino (DIU) e camisinha.
E, para evitar uma nova trombose, o médico recomendou a meia elástica (veja no vídeo ao lado). Mas ela se queixa de calor e dificuldade na hora de vestir. Há modelos para homens e mulheres, que são indicados em longas viagens de avião. Beber um litro de água a cada seis horas de voo também é uma boa dica, destacou José Bento.
Quem tem varizes já apresenta um problema no sistema circulatório, ressaltou Ludhmila. Isso não quer dizer que a mulher terá trombose, mas é um fator a mais para ser observado.
Pílula x cigarro
Não é difícil encontrar mulheres que fumam e tomam pílula ao mesmo tempo. Assumir o risco significa que um dia uma complicação pode acontecer.
Não é difícil encontrar mulheres que fumam e tomam pílula ao mesmo tempo. Assumir o risco significa que um dia uma complicação pode acontecer.
E a maioria não sabe dessa combinação explosiva. Segundo o ginecologista José Bento, os seis primeiros meses de uso concomitante são os mais perigosos. Depois de anos, a probabilidade de uma doença vascular diminui.
Composição da pílula
Anticoncepcionais contêm em geral dois hormônios sintéticos, o estrogênio e o progestogênio, semelhantes aos produzidos pelo ovário da mulher.
Anticoncepcionais contêm em geral dois hormônios sintéticos, o estrogênio e o progestogênio, semelhantes aos produzidos pelo ovário da mulher.
Pílulas com menos de 0,03 mg de estrogênio são consideradas de baixa dosagem e devem ser sempre a primeira opção considerada, pois têm melhor tolerância, alta eficácia e baixo custo. As minipílulas são as que contêm apenas progesterona e são recomendadas para mães em fase de amamentação. Esse tipo, porém, pode favorecer a diabetes tipo 2, segundo estudos.
Os comprimidos que combinam hormônios atuam basicamente por meio da inibição da ovulação, além de provocar alterações nas características do endométrio e do muco cervical. É um método muito eficaz quando usado corretamente.
Alguns anticoncepcionais também combatem a cólica, tensão pré-menstrual (TPM), dor nas mamas, câncer do endométrio, cistos e câncer de ovário – que atinge duas em cem mulheres –, acne e excesso de pelos. Por isso, costuma ser um bom modo para tratar ovários policísticos.
Recentemente, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) fez um alerta sobre maior risco de trombose em pacientes que usam anticoncepcionais à base da substância drospirenona. Os EUA fizeram o mesmo alerta na semana passada.
Fique atenta
Se você usa a pílula, busque imediatamente um pronto-socorro em caso de:
- Aparecimento ou agravamento de dor de cabeça com sinais neurológicos
- Hemorragias
- Dor abdominal de causa indeterminada
- Alteração visual de aparecimento súbito
- Dor torácica ou de membros inferiores de forma súbita
Fonte G1
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