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sexta-feira, 22 de março de 2013

Câncer de pele dobra o risco de outros tumores

No Hospital do Câncer, todas as pintas dos pacientes
 são catalogadas e monitoradas
Depois do verão, é preciso atenção às novas pintas e manchas no corpo
 
Um sinal da cruz faz Aparecida Tozzo Vaitkievicius, 60 anos, ao ouvir o convite para tomar um banho de sol sem protetor solar. “Deus me livre e guarde”, repete o gesto quatro vezes. Nem parece a mesma mulher que, aos 20 de idade, misturava refrigerante e margarina, lambuzava o corpo, só “para torrar” na praia ou na piscina.
 
A mudança de conduta foi provocada pelo diagnóstico do tipo de câncer que mais acomete o brasileiro. Só para este ano, o Instituto Nacional do Câncer (Inca) projeta 119.780 novos registros de câncer de pele, sendo 5.930 do tipo mais agressivo, chamado de melanoma. Novas pesquisas alertam ainda que estar entre este número faz dobrar o risco de desenvolver outros tipos de câncer, em especial de intestino e cérebro.
 
Os dermatologistas e oncologistas querem chamar atenção para o risco duplo oferecido pelo câncer de pele. O antigo hábito de Aparecida é bem disseminado no País tropical e o bronzeado excessivo, afirmam os especialistas, não pode ser “a cor de saúde”. Passado o verão, a pele ressacada não é o único prejuízo dos raios solares e das altas temperaturas. É preciso atenção especial às novas pintas e manchas. Elas podem indicar que alguma coisa está errada.
 
Percebemos um aumento muito importante de casos de câncer de pele na população brasileira”, afirma o médico dermatologista do Hospital A.C Camargo – referência no tratamento - , Alexandre Leon. “Um dos motivos é que antes as pessoas muito branquinhas (grupo de maior risco) não iam à praia ou piscina porque não existia o protetor solar. Hoje existe e as pessoas acham que se protegem, mas não passam o produto direito. Além disso, esquecem de reforçar quando saem da água, acabam mais expostas e os casos só aumentam.”

Relação com outros tumores
Em 2008, uma pesquisa o Instituto do Câncer da Inglaterra mostrou que em dez anos o câncer de pele aumentou 43,8% e a população feminina foi a mais afetada. Em janeiro deste ano, pesquisadores da Universidade de Queen (também do Reino Unido) concluíram que ter o melanoma (aquele tipo mais agressivo) faz com que a pessoa tenha duas vezes mais risco de aparecer nas estatísticas de outros tipos de câncer. Os resultados foram publicados no British Journal of Cancer, uma das mais importantes publicações de saúde nesta área.
 
A relação entre o de pele e outros tipos de câncer não é evidente e a hipótese é que esteja associada a outros fatores de risco que também podem presentes na vida das pessoas com melanoma, como tabagismo, idade avançada e obesidade.
 
Ainda que a conexão entre câncer de pele e outros tumores não esteja tão clara, a coordenadora da campanha nacional de combate à doença, promovida pela Sociedade Brasileira de Dermatologia, Selma Cernea, lembra que o principal fator de proteção contra o câncer de pele, o uso do protetor solar – já comprovado por variados estudos – é negligenciado pela população.
 
“Em nossa última pesquisa, constatamos que só 32% da população se protegem antes de tomar sol. Lembrando que não é só o protetor solar que pode prevenir a doença. São as roupas adequadas, o chapéu e a iniciativa de procurar a sombra entre 10h e 14h, horário em que a emissão de raios ultravioleta é maior, também ajudam.”
 
Casos em família
O hábito de não passar filtro solar pode ser agravado em famílias em que a doença perpassa gerações. A hereditariedade também influente no câncer de pele.
 
Aparecida Tozzo Vaitkievicius é exemplo tanto da a influência genética do câncer, quanto da co-relação com outros tumores. O pai morreu de câncer de intestino, uma das oito irmãs, aos 16, foi vítima da leucemia. Ela teve câncer de pele, uma outra irmã descobriu a doença há seis anos e, agora, uma sobrinha também foi diagnosticada com melanoma.
 
Os casos de câncer em família fizeram com que todos os “Tozzo” – o sobrenome russo vem do marido – fossem monitorados. No hospital A.C Camargo 15 parentes foram catalogados e tiveram as pintas fotografadas. A cada seis meses, todos eles passam por novos exames para constatar se não surgiram novas pigmentações, se as manchas não mudaram de cor ou de espessura. “Foi com esse controle que descobrimos precocemente o caso da minha sobrinha”, conta Aparecida.
 
Além dos Tozzo, no A.C Camargo são monitoradas outras 75 famílias e o “álbum das pintas” é importante porque, no caso de câncer de pele, cada milímetro pode ser fatal. Se a profundidade do melanoma é de 1 milímetro, a chance de cura é de 95%. Se está em 5 milímetros, a probabilidade cai para só 5% e os casos quase sempre acabam em metástase.
 
Ainda que a genética seja importante nos casos, os fatores externos também são. O tabagismo pode influenciar o câncer de pele, assim como as câmaras de bronzeamento artificial, diz a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Agência no final do ano passado tentou proibir que as câmaras continuassem funcionando. Na justiça, os proprietários conseguiram reverter a norma.
 
Fonte iG

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