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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Para pesquisadora da UFRGS, é preciso discutir a questão ética sobre clonagem

As células embrionárias podem se transformar em qualquer tipo de célula.
A célula tronco adulta é mais limitada
Patricia Pranke comentou o anúncio de pesquisadores americanos sobre a criação de células-tronco humanas por meio de clonagem
 
Nesta quarta-feira, um grupo de cientistas dos Estados Unidos revelou ter obtido células-tronco embrionárias humanas por meio de uma técnica de clonagem similar à que gerou a ovelha Dolly.
 
Em artigo publicado na revista científica Cell, a equipe de Shoukhrat Mitalipov, da Universidade de Saúde e Ciência do Oregon, relatou ter desenvolvido embriões com material genético idêntico ao de doadores, depois de seis anos de tentativas fracassadas.
 
A pesquisadora da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Patricia Pranke, que coordena o Instituto de Pesquisa com Células-Tronco da instituição, falou com ZH sobre o anúncio.
 
Confira a entrevista:
 
Zero Hora — O que a técnica tem em comum com a clonagem?
Patricia Pranke — Foi usado um procedimento chamado de clonagem terapêutica, diferente da clonagem reprodutiva, que significa criar o clone e fazer o indivíduo nascer, como no caso da ovelha Dolly. A clonagem reprodutiva em seres humanos tem de ser banida. Clonagem terapêutica é outra coisa. O inicio da técnica é o mesmo, mas você não insere o embrião no útero para gerar um individuo novo. A ideia é desenvolver células tronco com o código genético do doador, para não existir rejeição.
 
ZH — Essa seria a vantagem?
Patricia — Sim. É por isso que se faz clonagem terapêutica. A compatibilidade é sempre importante, porque sempre pode haver rejeição. Se eu tiver um embrião formado a partir do núcleo das minhas células, as células-tronco não vão ser rejeitadas.
 
ZH — Essa técnica soluciona a discussão ética em torno do uso de embriões?
Patricia — Não soluciona dilema ético nenhum, porque se está produzindo um embrião. A única diferença é que ele não é um embrião doado. Tem de ser destruído da mesma forma, para se trabalhar com essas células. Não muda a questão ética. Para alguns, até agrava, porque além de produzir o embrião, existe o risco de alguém querer usá-lo para clonagem. Teoricamente, se o embrião for colocado no útero, produzirá um clone de quem doou a célula. É óbvio que a gente não quer isso.
 
ZH — Já existe alguma terapia em que as células embrionárias poderiam ser utilizadas?
Patricia — Hoje ninguém está usando célula embrionária humana em paciente. A gente espera que daqui a alguns anos vai acontecer. O principio é usar as células para regenerar um tecido, seja coração, músculo, rim, qualquer coisa. As células embrionárias podem se transformar em qualquer tipo de célula. A célula tronco adulta é mais limitada.
 
ZH — Quais são os próximos passos?
Patricia — Primeiro é preciso padronizar a técnica de clonagem terapêutica, transformá-la em algo que possa ser realizado com frequência, o que é muito difícil. E, antes de usar em terapias, é preciso discutir a questão ética. No Brasil, por exemplo, a clonagem terapêutica não é permitida.
 
Fonte Zero Hora

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