Abordagem, que combina vírus da gripe com partícula que imita estrutura da cocaína, impediu ação da droga no cérebro de primatas
Pesquisadores da Weill Cornell Medical College, nos EUA, testaram com sucesso uma nova vacina anti-cocaína em primatas, aproximando- os de lançar testes clínicos em humanos.
O estudo utilizou uma técnica radiológica para demonstrar que a vacina anti-cocaína impede que a droga atinja o cérebro e produza um aumento da dopamina.
"A vacina ' come' a cocaína no sangue um pouco parecido com o Pac-Man antes que ela possa chegar ao cérebro. Acreditamos que esta estratégia é um ganha-ganha para os indivíduos, entre os cerca de 1,4 milhões de usuários de cocaína nos Estados Unidos, que estão empenhados em se livrar de sua dependência à droga. Mesmo que a pessoa que recebe a vacina anti-cocaína tenha uma recaída, a cocaína não terá nenhum efeito", afirma o investigador principal do estudo, Ronald G. Crystal.
Crystal e sues colegas esperam começar testes em humanos da vacina anti-cocaína dentro de um ano.
A cocaína trabalha para produzir sensações de prazer porque bloqueia a reciclagem de dopamina, o chamado neurotransmissor do "prazer", em duas áreas do cérebro, o putâmen no cérebro anterior e no núcleo caudado, no centro do cérebro. Quando a dopamina se acumula nas terminações nervosas, "você recebe essa inundação maciça de dopamina e isso causa a sensação ' boa' da cocaína para os usuários", explica Crystal.
A nova vacina combina um pedaço do vírus da gripe comum com uma partícula que imita a estrutura de cocaína. Quando a vacina é injetada num animal, o seu corpo "vê" o vírus da gripe e monta uma resposta imunitária contra ambos o vírus e o imitador de cocaína, que está ligado a ele. "O sistema imunológico aprende a ver a cocaína como um intruso. Uma vez que as células imunológicas são educadas a considerar a cocaína como um inimigo, elas produzem anticorpos, a partir daquele momento, contra a cocaína para quando a droga entra no corpo", observa o pesquisador.
Testes
Estudos com ratos mostraram que aqueles que receberam a vacina e a cocaína eram muito menos hiperativos do que os ratos não tratados que receberam a droga.
Na pesquisa atual, os investigadores procuraram definir com precisão a eficácia da vacina anti-cocaína em primatas não humanos, mais próximos da biologia dos seres humanos do que camundongos.
Eles desenvolveram uma ferramenta para medir a quantidade de cocaína ligada ao transportador de dopamina, que pega dopamina na sinapse entre os neurônios e leva para fora para ser reciclada. Se existe cocaína no cérebro, ela se liga ao transportador, impedindo-o de retirar a dopamina da sinapse, mantendo o neurotransmissor ativo para produzir uma o efeito da droga.
No estudo, os investigadores ligaram um marcador isótopo de vida curta ao transportador de dopamina. A atividade do marcador pode ser vista por meio de tomografia por emissão de pósitrons (PET). A ferramenta mediu a quantidade de traçador ligado ao receptor da dopamina, na presença ou ausência de cocaína.
Os estudos não mostraram nenhuma diferença na ligação do marcador ao transportador de dopamina nos animais vacinados em comparação com animais não vacinados, se estes dois grupos não receberam cocaína.
No entanto, quando a cocaína foi dada aos primatas, houve uma queda significativa da atividade do marcador em animais não vacinados. Isso significa que, sem a vacina, cocaína deslocou o marcador para o receptor de dopamina. Estudos anteriores tinham demonstrado em humanos que, pelo menos, 47% do transportador de dopamina tinham de ser ocupados pela cocaína a fim de produzir um efeito.
Os investigadores notaram, em primatas vacinados, que a ocupação do receptor de dopamina pela droga foi reduzida para níveis de menos de 20%.
Fonte isaude.net
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