Estratégia do governo para diminuir o "buraco" na balança comercial de saúde e promover acesso a medicamentos complexos, as "superfarmacêuticas" dão os primeiros passos para a produção de biológicos no País
A Bionovis, superfarmacêutica nacional criada para produzir e desenvolver medicamentos biológicos e biossimilares, anunciou nesta terça-feira (18/06) que vai construir sua primeira fábrica no Rio de Janeiro. As informações são do jornal Valor Econômico mediante cobertura da reunião do Grupo Executivo do Complexo Industrial da Saúde (Gecis), do Ministério da Saúde, realizado em Brasília.
Três Estados estavam na disputa para receber o investimento – além do Rio, São Paulo e Santa Catarina.
Fundada no ano passado, a Bionovis é formada pelas farmacêuticas Aché, EMS , União Química e Hypermarcas – cada uma com 25% do capital. A previsão de investimento é de R$ 500 milhões, incluindo a construção da unidade e o desenvolvimento dos medicamentos.
De acordo com o modelo de negócio proposto, o governo federal será o principal comprador dos medicamentos produzidos para que o déficit da balança comercial da saúde seja reduzido. Em 2012, o montante foi de cerca de US$ 11 bilhões negativos. Desse total, US$ 6,114 bilhões corresponderam à compra de medicamentos prontos e US$ 2,612 bilhões de princípios ativos.
Anunciadas também no ano passado, outras duas empresas nacionais foram formadas sob as mesmas condições: a Orygen, joint venture entre Biolab, Cristália e Eurofarma – e a Libbs, que atua de forma independente.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vai dar o aval para a realização dos estudos clínicos de medicamentos biossimilares já em desenvolvimento no País. Segundo reportagem do Valor, a Anvisa já aprovou a fabricação do Etarnecepte, que trata de artrite reumatoide, em desenvolvimento pela Bionovis, em parceria com laboratórios públicos. E a Libbs também deverá receber o aval para a realização dos estudos clínicos do rituximabe.
Recentemente, o Ministério da Saúde anunciou o total de 64 PDPs (Produto de Desenvolvimento Produtivo), que envolvem 15 laboratórios nacionais e cerca de 40 farmacêuticas privadas. Tais parcerias são voltadas para transferência de tecnologia de produção de medicamentos para laboratórios públicos. O Valor informou que o governo deve anunciar, ainda nesta terça, dez novas PDPs para medicamentos biológicos, que vão incluir medicamentos para câncer e doenças inflamatórias crônicas, envolvendo os superlaboratórios.
Para o diretor de assuntos econômicos da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), Marcelo Liebhardt, essas PDPs ainda estão muito embrionárias e não se sabe o quanto vão beneficiar o setor e promover maior acesso aos medicamentos, no entanto, considera uma iniciativa benéfica.
Atualmente a carga tributária incidente sobre os medicamentos chega, em média, a 33,9% do preço final. Enquanto a média mundial de tributos sobre remédios é de 6,3%. Nos últimos anos, a importação de remédios tem superado a de princípios ativos, sobretudo por conta dos altos custos dos produtos para tratamentos complexos. O governo federal responde por cerca de 60% das compras de biológicos no País. Apesar de os biológicos equivalerem a cerca de 5% dos medicamentos comprados pelo Ministério da Saúde, eles representam 43% dos gastos. Com os biossimilares nacionais, o ministério planeja economizar R$ 4 bilhões nas compras para o Sistema Único de Saúde (SUS).
Fonte SaudeWeb
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