Dor de garganta recorrente pode ser sinal de problemas nas amídalas |
Quem possui a garganta sensível demais, daquelas que vive inflamada, e também
ronca com frequência pode ter a origem dos problemas no mesmo lugar: as
amídalas. Quando elas são grandes demais para a estrutura anatômica do pescoço,
há risco de complicações sérias.
Ronco e inflamações geralmente são os primeiros sinais de alerta. Mas o
quadro pode também afetar
a saúde cardíaca e provocar alterações metabólicas, como diabetes,
hipertensão arterial e acúmulo de gordura abdominal. Em alguns casos, os homens
chegam a sofrer disfunção erétil.
As inflamações constantes na garganta são causadas pelo acúmulo de resíduos
da alimentação nas amídalas. “A superfície delas nem sempre é lisa, podem haver
irregularidades e cavidades que facilitam o depósito de resíduos”, explica
Mônica Menon-Miyake, otorrinolaringologista dos hospitais Sírio Libanês e Prof.
Edmundo Vasconcelos.
A situação é recorrente porque as amídalas sempre entram em contato com os
alimentos ingeridos, mas seu difícil acesso impede uma limpeza adequada. Elas
ficam bem no início da garganta, atrás da úvula (a campainha acima da
extremidade anterior da língua). São duas amídalas, uma de cada lado da
garganta, e elas podem ser vistas no espelho se a pessoa abrir bem a boca e
abaixar a língua.
Quanto maior forem as amídalas, maior é o risco de acumular resíduos e, por
consequência, maior o risco de inflamações recorrentes. “Isso pode prejudicar o
sono”, diz a médica. O acúmulo de resíduos também favorece a halitose.
Apneia do sono
O próprio volume avantajado das amídalas já representa um problema. Elas
podem dificultar a passagem do ar e causar pequenas interrupções na respiração.
Isso provoca queda na oxigenação do organismo e está diretamente relacionado ao
risco cardíaco.
Em cada episódio de inflamação, o volume das amídalas aumenta e agrava ainda
mais o quadro de apneia e de ronco.
O quadro pode ser ainda piorado pela posição em que a pessoa dorme. Quem
costuma se deitar com a barriga para cima pode sofrer influência da gravidade
sobre mandíbula e língua, fazendo ambas voltarem um pouco para trás e, assim,
aproximando ainda mais o tecido mole da boca. O ar fica com a passagem
restrita.
Choque térmico
No verão, a situação toda tende a piorar. “A pessoa entra e sai de ambientes
com ar-condicionado o tempo todo. Quando ela faz isso, se expõe a condições
diferentes. Ora quente e úmido, ora frio e seco”, afirma o virologista britânico
John Oxford, que veio recentemente ao Brasil para o lançamento de uma pastilha
contra dor de garganta.
As duas situações favorecem as inflamações nas amídalas. Nos ambientes
quentes, a pessoa transpira mais e perde líquido. No ambiente frio, o ar seco
também favorece o ressecamento da mucosa. “Isso provoca queda na salivação, uma
forma de proteção natural do organismo”, alerta a otorrino
E não adianta ficar recorrendo às receitas caseiras para contornar
inflamações na garganta, porque muitas das fórmulas podem agravar a situação,
caso do mel com própolis.
“O mel, dependendo da quantidade, causa irritação no estômago e refluxo.
Então, o ácido vai causar ainda mais danos à garganta”, esclarece Mônica. E o
própolis costuma ser armazenado em soluções com álcool, que também provocam
desconforto na região das amídalas.
“Uma boa saída é ingerir muito líquido. Manter-se hidratado bebendo um copo
de água a cada meia hora. Não adianta beber muita água de uma só vez, é preciso
uma ingestão fracionada e frequente”, recomenda.
Alterações do metabolismo
Quando as amídalas começam a influenciar a qualidade do sono, elas também
começam a alterar a saúde do coração. “Existem muitos estudos que fazem essa
relação”, afirma Mônica. A falta de oxigenação causada pela apneia pode elevar a
pressão arterial e a produção de glicose.
Isso favorece o ganho de peso e o risco de diabetes, doenças diretamente
relacionadas ao risco cardíaco. Sem descansar apropriadamente, o metabolismo
perde seu ritmo ideal e isso também pode contribuir com o ganho de peso e com a
apneia.
É um ciclo vicioso, mas que pode ser quebrado com acerta facilidade. “As
amídalas muito volumosas, quando começam a causar muitas inflamações, têm
recomendação de cirurgia”, conta a otorrino.
O procedimento cirúrgico também é visto com bons olhos como forma de evitar o
abuso de antibióticos. “Levantamentos nacionais mostram que 45,3% dos casos são
tratados com antibióticos”, afirma a médica. Em muitas das vezes, a medicação é
tomada sem orientação ou necessidade, o que favorece a formação de bactérias
resistentes.
A cirurgia é simples e segura, embora tenha um pós-operatório um pouco
doloroso. O paciente pode retomar suas atividades profissionais em cerca de uma
semana, mas deve ficar afastado dos exercícios mais intensos por até 45
dias.
Fonte iG
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