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terça-feira, 16 de julho de 2013

Cosméticos usam apelo de genes e células-tronco para atrair consumidor

Pegando carona em pesquisas médicas e avanços recentes relacionados a células-tronco e terapia genética, empresas de cosméticos tentam conquistar o consumidor com um apelo "científico".
 
Há produtos que se gabam dos supostos benefícios das células-tronco de uva e maçã. É o caso do Initialist (R$ 340), condicionador da Kérastase com ativos extraídos da macieira, e do creme facial Power Charge (R$ 2.300) da La Prairie, com algas e fitoextrato de uva suíça.
 
Já o apelo "genético" aparece na linha Renew Genics da Avon e nos produtos Active, do Boticário.
 
As tais células-tronco usadas nos cosméticos são de origem vegetal --na verdade, células meristemáticas, que têm função semelhante às células-tronco humanas (capacidade de se dividir e formar novas estruturas).
 
Mas, segundo o biólogo e pesquisador do Instituto D'Or Daniel Furtado, esses fatores vegetais dificilmente teriam efeito em células humanas.
 
"O que essas células-tronco podem fazer de diferente de um extrato vegetal comum?", questiona o biólogo, que atribui o uso das substâncias ao marketing.
 
 
"As empresas se aproveitam do apelo popular da ciência para lançar esses produtos. Muitos consumidores até sabem que a publicidade é exagerada, mas o desejo de rejuvenescer os leva a buscar gratificação, na maioria das vezes, ilusória", diz o dermatologista Davi de Lacerda.
 
João Hansen, presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, diz desconhecer o efeito das células-tronco vegetais, mas afirma que o benefício delas para a pele é "perfeitamente possível".
 
"Se há ou não abuso na publicidade eu não sei dizer. Mas sei que as empresa de renome têm justificativa para o que estão falando, não agem só pelo modismo", afirma.
 
Regulação
Para Lacerda, as empresas de produtos de beleza tentam conquistar o consumidor "manipulando termos na sua publicidade e nos rótulos". "A maioria das empresas maquia as informações no limiar da legalidade de cada país, que no caso dos cosméticos é bastante complacente."
 
Cosméticos de baixo risco para o consumidor não passam por avaliação da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) antes de entrar no mercado.
Mas, segundo a agência, as fabricantes devem ter comprovação científica da eficácia dos produtos e podem ser responsabilizadas legalmente por afirmações enganosas.
 
Em geral, os testes realizados pelas empresas são feitos com um número pequeno de voluntários que avaliam o efeito percebido do produto.
 
"É muito subjetivo. O ideal seria comparar o produto real com outro placebo, sem eficácia", afirma Furtado.
 
Sobre as novas tecnologias propagandeadas pela indústria, a Anvisa diz que não existe consenso científico.
 
"No caso das células-tronco não há como comprovar a eficácia porque não há legislação que sustente o uso dessas substâncias", diz o gerente-geral de cosméticos da agência, Marcelo Sidi Gacia.
 
Editoria de arte/Folhapress
Outro lado
Em resposta às críticas sobre a eficácia dos cosméticos, as empresas afirmam ter testes para comprovar os efeitos dos produtos. Alegando sigilo industrial, nenhuma delas apresentou esses estudos.
 
A Avon explica que a linha Genics é baseada em pesquisa da Universidade de Calábria (Itália) sobre um gene que estimularia a "longevidade da pele". Segundo a empresa, testes in vitro demonstraram que os produtos "auxiliam no estímulo à produção desses genes".
 
O Boticário afirma que as células-tronco de origem vegetal são "usadas pelo mercado cosmético de maneira geral" e que seus produtos cumprem os requisitos de segurança e eficácia da Anvisa.
 
A L'Oréal, responsável pela venda do condicionador Initialiste, afirma que a fórmula do princípio ativo Complex Régénérateur teve eficiência comprovada em testes in vitro.
 
A representante da La Prairie no Brasil não respondeu aos questionamentos da reportagem.
 
João Hansen, presidente da Associação Brasileira de Cosmetologia, diz que todos os produtos comercializados são baseados em alguma tecnologia e em testes em pessoas ou in vitro.

Fonte Folhaonline

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