Imagem ilustrativa |
O médico Patrick Henrique Cardoso, que tirou férias três dias depois de
começar a trabalhar no Mais Médicos em Novo Gama (a 177 km de Goiânia), deixou
assinadas receitas de remédios controlados, os chamados tarjas pretas, antes de
viajar para os EUA, onde está. O episódio ocorreu em Valparaíso de Goiás (a 184
km de Goiânia). Uma receita com assinatura de Cardoso teria sido preenchida por
uma médica amiga dele.
Na data da receita consta o dia 9 de setembro, mas nem no Brasil ele estava.
O médico está viajando desde o dia 6, como comprovam fotos postadas no perfil
dele no Facebook, em aeroportos e hotéis durante a viagem aos Estados Unidos.
Uma médica amiga de Cardoso, cujo número de inscrição no Conselho Regional de
Medicina (CRM) é do Distrito Federal, teria assinado a receita. Ela não foi
localizada pela reportagem.
Cardoso foi um dos três profissionais designados pelo programa Mais Médicos
para Novo Gama. Dos três - todos brasileiros -, um desistiu e outra está
trabalhando. Cardoso foi ao novo trabalho apenas três dias. Nesse curto período,
foi escolhido para coordenar a estratégia de saúde da família no posto de saúde
do setor Lunabel, uma das maiores unidades do município, que tem 20 postos. A
média de atendimentos nesse PS é de 20 a 25 pacientes por dia.
Após aceitar a coordenação, Cardoso avisou que sairia de férias no dia 5. Por
isso, foi excluído do programa a pedido da Secretaria Municipal de Saúde de Novo
Gama. Natural de Ipatinga (MG) e formado na Universidade Federal do Espírito
Santo, Cardoso não foi localizado pela reportagem.
Sem explicação
O secretário de Saúde de Valparaíso de
Goiás, Walter de Matos Dutra, também não foi encontrado no gabinete ontem nem
respondeu às ligações para explicar o que a médica fazia no lugar de Cardoso e
por que a receita que ela deu para o paciente estava assinada por outro
profissional. A reportagem tentou ainda ouvir a coordenadora do Programa Saúde
da Família (PSF).
Um profissional ligado à área médica diz que é cada vez mais comum que
médicos se ausentem do local onde deveriam estar em dias normais ou plantões e
deixem blocos de receitas assinados. O objetivo seria evitar denúncias de
pacientes que eventualmente ficassem sem medicamento.
Estadão
Estadão
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