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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Automedicação amplia riscos de interação medicamentosa

Gilberto Abelha/JL / A estudante Laissa Andrade, 19, sentiu os efeitos negativos da combinação de omeprazol com amoxicilina
Gilberto Abelha/JL
A estudante Laissa Andrade, 19, sentiu os efeitos negativos da
combinação de omeprazol com amoxicilina
Remédios usados ao mesmo tempo, sem orientação médica, podem causar de um simples mal estar até lesões severas nos rins e fígado; risco existe também com medicamentos que não exigem prescrição     
 
Tomar medicamentos sem a prescrição médica é bastante comum no Brasil. Porém, quando um paciente decide, por conta, fazer a junção de dois ou mais remédios isso pode causar uma interação medicamentosa, levando ao aumento ou diminuição dos efeitos dos remédios utilizados ou a reações ainda piores.
 
"Existem medicamentos que quando utilizados junto com outros podem aumentar o poder de sedação, hepatoxicidade [intoxicação] e lesões no fígado, aumentar danos renais, entre outros", explica Edmarlon Girotto, docente do departamento de Farmácia da Universidade Estadual de Londrina.
 
Anti-inflamatórios e analgésicos, comprados livremente nas farmácias, se associados a anti-hipertensivo podem diminuir os efeitos deste último sobre o controle da pressão do indivíduo. O uso do AAS, muito comum para dores de cabeça, pode interagir com varfarina, coagulante oral, aumentando o risco de sangramentos e problemas relacionados à hemorragia.
 
"Se uma pessoa faz uso de varfarina [muito comum em quem tem problema cardiovascular] e usa o AAS por conta própria, corre um risco muito grande. Se [o sangramento] é interno o indivíduo acaba não percebendo."
 
O uso de remédios do mesmo grupo pode exacerbar os efeitos adversos. "Uma pessoa com hipoglicemia, por exemplo, pode ser levada ao coma e, inclusive, à morte", explica Girotto. Ele lembra que medicamentos que atuam no sistema nervoso central tendem a aumentar o efeito sedativo.
 
A principal preocupação nesse caso fica por conta dos idosos, grupo que mais faz uso desse tipo de remédio. Como provocam sonolência, aumenta o risco de quedas, o que para um idoso é muito mais grave do que para uma pessoa jovem.
 
Às vezes, mesmo o uso de um único remédio sem a devida orientação pode causar problemas. Segundo o vice-presidente do Conselho Federal de Farmácia, Valmir de Santi, mesmo os remédios mais comuns, sem prescrição, não podem ser usados por muito tempo. "A pessoa se acostuma a tomar determinado remédio para dor de cabeça, por exemplo, e aquilo passa. Mas eu não posso usar meses a fio, porque pode causar uma anemia por falta de produção de células sanguíneas. Ou seja, pode provocar o surgimento de uma outra doença." Santi deixa claro que a população tem direito ao uso de medicamentos que não exigem prescrição, mas que seja por um certo período. "Se eu me automedicar dois ou três dias e não melhorar, devo procurar uma solução com o acompanhamento médico", alerta.
 
Edmarlon Girotto lembra que essa atenção deve ocorrer mesmo com os medicamentos que não necessitam de prescrição, até com um cuidado maior do que com os que só podem ser comprados a partir da orientação médica. "Não podemos simplesmente deixar de exigir nosso direito de informação, e o profissional de saúde tem que dar as informações necessárias para aquele paciente."
 
Estudante passou mal com a combinação
 
Dores no estômago (como se recebesse marteladas), enjoos, vômitos, febre e manchas vermelhas pelo corpo. Foi o que Laíssa Andrade, 19, ganhou cerca de dois anos atrás com a ingestão de dois medicamentos ao mesmo tempo.

A estudante já usava omeprazol, administrado por ela contra a gastrite. Mas teve uma dor de garganta e tomou amoxicilina, prescrito pelo médico. Segundo ela, o médico perguntou qual remédio ela tomava e mesmo assim receitou o antibiótico. "Eu acho que o médico deveria ter perguntado mais sobre o remédio, já que [a combinação] geralmente dá problema. No prontuário constava que eu tomava omeprazol regularmente."

Depois de se sentir mal, a estudante foi até o hospital. "A enfermeira me encaminhou para tomar soro e o médico mandou eu suspender imediatamente a amoxicilina. A partir daí tomei apenas algo para passar a febre. Ainda por uns dois dias fiquei com o estômago ruim", conta.

Laíssa descobriu que é comum quando há interação os dois remédios, um acabar tirando o efeito um do outro. E, em alguns organismos, causa reações como as que ela sentiu.
 
Jornal de Londrina

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