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terça-feira, 8 de outubro de 2013

Flagrante: médico vende receita controlada em Belo Horizonte

Reprodução Bom dia Brasil
O médico Pedro Chaves preenche a receita sem dar consulta e cobra R$ 30. Receitas para antidepressivos e emagrecedores são vendidas a R$ 50
 
Vender receita médica ou dar atestado pra que não tem problema de saúde é crime, e quem compra está cometendo uma irregularidade.
 
Na Praça Sete, coração de Belo Horizonte, as receitas são negociadas abertamente. A primeira pessoa abordada pela produção deu a informação. “O cara vai te vender baratinho, receita branca normal”, disse.
 
Uma mulher leva o produtor até um rapaz, em uma sala comercial. “R$ 30 te faço ela, carimbada e tudo”, afirma o homem.
 
Ele diz que a receita é original e tranquiliza: “Cansei de me passar receita. Não tem nada a ver não. Pode ficar despreocupado”, diz.
 
Durante a abordagem descobrimos que, por uma quantia a mais, é possível comprar também atestados médicos.
 
Produtor: E quanto que é? O mesmo preço?

Vendedor: Depende dos dias, né. Um dia é R$ 30, dois dias é R$ 40. Se pegar atestado de oito dias aí é R$ 10, R$ 12 reais o dia. Muito mais em conta.
 
Com a receita branca, carimbada com o nome e o número de registro do médico, é possível comprar qualquer medicamento de tarja vermelha, como antibióticos.
 
Para alguns ansiolíticos, antidepressivos e emagrecedores, é preciso uma receita especial, de cor azul. Na Praça Sete, isso não é problema. “Ela é mais cara. É R$ 50”, afirma o vendedor.
 
E só sob encomenda. Voltamos para pegar a receita e o vendedor deu todas as orientações. “Vem medicamento ou substância tal, vem quantidade tal, é dose por posologia, então, só o cara que vai saber, não tem como dar errado, não”, explica.
 
Quem não quer se arriscar pelas ruas da capital consegue comprar receitas também em consultório médico. No primeiro contato da nossa produção por telefone, conversamos com o secretário e pedimos receita para um ansiolítico. Ele informa que não precisa de consulta médica, apenas pagar pelo formulário. “Tem que pagar só a receita. Só R$ 30”.
 
E ele não economiza na oferta.
 
Vendedor: Quantas caixas?

Produtor: Ah, pode ser duas já de uma vez?

Vendedor: Pode ser duas, pode ser três.

Produtor: Mas, eu tomo uma vez ao dia só!

Vendedor: É, mas a gente põe duas vezes ao dia só para você comprar as três.
 
No consultório, o próprio médico Pedro Márcio Chaves recebe o nosso produtor e preenche a receita para uma mulher. Sem nenhum tipo de consulta ou exame, ele prescreve o calmante tarja preta de uso controlado.
 
Mulher: Toma é à noite, né?

Médico: É. Para ela seria melhor à noite. Vamos botar à noite, três caixas.
 
“Isso é uma infração ética, prevista no código de ética e passível de punição. Tem uma censura confidencial, censura pública e a suspensão do registro profissional até 30 dias. Então essas são as penas que os médicos podem estar sujeitos”, afirma o presidente do CRM, Itagiba de Castro Filho.
 
Voltamos ao consultório do médico Pedro Márcio e ele negou a venda de receitas. “Eu, vendendo? Tem não. Não vou falar nada, eu não tenho nada vendendo não”, disse.
 
Mas a gravação não deixa dúvidas da irregularidade.
 
Médico: Ah, receita, né?

Produtor: Isso

Médico: Dois miligramas por dia, três caixas. R$ 30.
 
As receitas a que a nossa produção teve acesso foram entregues à polícia, que vai investigar o caso. Quem vende atestado médico falso pode ser enquadrado no crime de estelionato. E, quem compra o documento falso, também comete crime.
 
G1

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