Brasília – O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou ontem (17) a
expansão das bolsas para especialistas em medicina e de outras áreas da saúde.
Serão oferecidas 3.613 vagas em 91 especialidades e áreas de atuação, com
orçamento de R$ 262,8 milhões e ampliação de 95% na oferta de bolsas.
O benefício faz parte do Pró-Residência, programa criado em 2010 pelo
Ministério da Saúde, que oferta bolsas no valor de R$ 2,9 mil para as
especialidades da medicina com maior demanda no Sistema Único de Saúde (SUS),
como clínica médica, pediatria, ginecologia e obstetrícia, cirurgia geral e
medicina da família.
“Oitenta e oito por cento das vagas ofertadas são concentradas nas
especialidades de que mais precisamos, e uma grande prioridade do SUS é formar
médicos em saúde da família. O Mais Médicos tem mostrado a importância da
atenção básica de saúde, ter um médico que faça parte da comunidade e conheça a
realidade das pessoas faz diferença para o SUS”, disse Padilha.
O objetivo do Ministério da Saúde é atingir a meta do Programa Mais Médicos
de oferecer vagas de residência para todos os graduados em medicina até
2018.
A seleção das instituições a serem contempladas leva em conta, além da
estrutura, a tradição na formação profissional, com servidores e professores
capacitados para isso. Foram mais de 4 mil propostas de instituições em todo
país, que passaram pela seleção do Ministério da Saúde. De acordo com Padilha, a
a partir de janeiro, a Comissão Nacional de Residência Médica, que reúne os
ministérios da Saúde e da Educação e entidades médicas, fará visitas às
instituições para definir a abertura das vagas em 2014 ou para programas em
2015.
O critério é a oferta, pela instituição, de cursos nas especialidades
prioritárias do SUS, além do esforço para levar mais vagas de residência para as
regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, e isso depende também da mobilização das
instituições, informou o ministro. Este ano, o Ministério da Saúde
disponibilizou R$ 100 milhões para as instituições aprimorarem a infraestrutura
de suas instalações a fim de ampliar seus programas de residência.
A maior parte das novas bolsas de residência ofertadas está no Sudeste
(2.278), o que se deve à maior infraestrutura da região. Em seguida vem as
regiões Sul, com 591 bolsas, Nordeste, com 458, Norte, com 198, e Centro-Oeste,
com 88. Segundo o ministro, a concentração de vagas no Sul e no Sudeste é
devida ao fato de estas serem as regiões com mais tradição em formar
especialistas. "E o Ministério da Saúde não quer abrir mão da possibilidade de
aproveitar as estruturas já existentes para formar especialistas”, disse ele,
explicando que parte dos médicos formados no Sul e no Sudeste acaba voltando
para o estado de origem.
O ministério vai custear também 691 bolsas já existentes, seguindo a regra do
programa de que, para cada duas vagas criadas dentro das especialidades
prioritárias, o ministério pagaria por uma já ofertada dentro da instituição
selecionada.
Além das bolsas para residência médica, serão disponibilizadas 1.086 vagas
para residência multiprofissional em 102 instituições. São 14 categorias
profissionais, a maior parte em enfermagem, fisioterapia, psicologia e farmácia.
“São especialistas tão importantes quanto os médicos para cuidar da saúde da
população”, destacou Padilha.
O Programa Mais Médicos faz parte de um amplo pacto de melhoria do
atendimento aos usuários do SUS, que prevê mais investimentos em infraestrutura,
expansão do número de vagas de medicina e de residência médica, além de levar
mais médicos para regiões onde há escassez e ausência de profissionais,
inclusive profissionais formados no exterior.
Em nota, o Conselho Federal de Medicina (CFM) alertou que, embora o aumento
do número de vagas de residência médica seja uma "luta histórica" das entidades
médicas, a medida pode não ter "o lastro necessário para garantir a boa formação
dos futuros especialistas". Para o CFM, é preciso assegurar que critérios
mínimos de infraestrutura e de corpo docente sejam oferecidos aos residentes.
“Sem isso, o processo de ensino não se concluirá, devolvendo à sociedade um
profissional sem a qualificação esperada, comprometendo o atendimento dos
pacientes.”
O conselho diz ainda temer que a decisão do
governo seja uma tentativa de “mascarar a crise nos hospitais gerais e
prontos-socorros, como denunciado pela imprensa”. Para o CFM, a crise das
emergências passa, principalmente, por aumento de investimentos e melhor gestão.
Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário