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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Memória falhando constantemente pode ser indicativo de problemas de saúde

A memória é uma função complexa, que não usa apenas uma área do cérebro para funcionar. Falhas na memória podem ser comuns – todo mundo já esqueceu onde guardou as chaves do carro –, mas se o problema for crônico, isso pode ser indício de transtornos mentais se instalando ou mesmo de condições neurológicas mais sérias.

“A memória é uma função do sistema nervoso, cuja característica é a aquisição, armazenamento e evocação de informações que foram aprendidas”, explica Sergio Ricardo Hototian, médico neurologista do Hospital Sírio-Libanês e supervisor do Ambulatório de Psicogeriatria da Faculdade de Medicina da USP (FMUSP). “Quando algum desses mecanismos falha, pode haver problemas de memória.”

Quando se fala de aquisições de informação, Hototian lembra que o processo envolvido diz respeito à atenção. Uma atenção comprometida pode inviabilizar a construção de uma determinada memória ou aprendizado. “A atenção também está envolvida no processo de evocação ou requisição da memória. Então, certos esquecimentos podem ocorrer não por um problema como um transtorno ou condição, mas pelo simples comprometimento da atenção”.

Atenção e memória
Esse nível de atenção dado a um evento também interfere no tipo de armazenamento da memória. Quanto maior a atenção ou maior o envolvimento emocional com uma determinada informação maior a garantia de que essa vai estar disponível na chamada memória de longo prazo, que vai ser armazenada por um período mais longo –  muitas vezes para toda a vida – ao invés de somente ser guardada na memória de curto prazo – usada para ações rápidas como guardar um número de telefone por alguns minutos até se realizar uma ligação.

“A retenção de uma memória passa pelo processo de consolidação, ou seja, por uma série de reações químicas em diversas partes do cérebro que vão associar as informações variadas colhidas durante um evento e construir um caminho para que ela seja depois evocada”, explica o especialista.

Essa consolidação, aponta Hototian, vai depender também de elementos como a repetição (fazer várias vezes a mesma tarefa) e da priorização da informação. “Informações que deixam de ser prioritárias passam pelo processo inverso e que é muito importante: o esquecimento.”

Esquecimento é importante
“O esquecimento é importante para o cérebro, pois ajuda a descartar o excesso de informação. Isso ajuda a combater o estresse. Se fôssemos nos lembrar de tudo o que passamos no dia a dia, o organismo poderia se sobrecarregar com o excesso de informações e emoções associadas. É bom – para a saúde do cérebro e do corpo – esquecer boa parte disso”, aponta.

Algumas vezes o esquecimento também pode ser causado pelo excesso de elementos envolvidos e associados à informação. Quando há excesso de atenção e, consequentemente, muita emoção envolvida com um determinado evento, ele pode acabar se transformando em um trauma e comprometer a evocação ou lembrança, levando à amnésia.

“O sentido de trauma normalmente é associado a algo físico, mas um trauma psicológico – principalmente quando envolve algum tipo de sofrimento – também impacta seriamente o funcionamento do cérebro. No caso da memória, ele pode fazer que os caminhos para uma determinada informação se percam, por exemplo”, diz Hototian.

Idade diminui capacidade da memória
Com a idade, é possível que os processos envolvidos na memória se tornem mais vagarosos ou falhos em momentos específicos. Isso pode ser considerado normal até certo ponto. Quando o esquecimento se dá de forma crônica, acontecendo constantemente e em específico com as memórias mais recentes, o problema pode ser uma condição que atinge cada vez mais pessoas idosas no mundo todo: a doença de Alzheimer.

“O Alzheimer começa debilitando as memórias de curto prazo – as pessoas com a doença esquecem se comeram ou tomaram seus remédios – e vai, aos poucos, atingindo as memórias de longo prazo mais recentes. Pacientes com Alzheimer muitas vezes não lembram os nomes dos netos mais novos, por exemplo, mas se lembram de histórias e eventos ocorridos na juventude. Em casos avançados, essa memória também vai sendo ‘apagada’”, afirma o especialista.

Transtornos mentais e esquecimentos
Outras vezes, os transtornos ansiosos ou depressivos também podem estar envolvidos nessa falha da memória. “São transtornos que mexem com a memória por diversos motivos, pois agem sobre as emoções associadas e no nível de atenção. Algumas vezes, esses transtornos alteram o ritmo do corpo – o chamado ritmo circadiano – alterando a quantidade de horas dormidas e a qualidade do sono”.

Mas nesses casos, explica Hototian, quando há um tratamento em curso, esses problemas tendem a diminuir ou ter remissão total, e a memória volta a funcionar perfeitamente. “Esses fatores associados aos transtornos mentais são mais fáceis de controlar quando se inicia um tratamento do que aqueles associados a condições neurológicas. Por isso, pessoas com falhas da memória devem procurar um especialista o mais rápido possível, para poder voltar à normalidade, ou então procurar o tratamento adequado para problemas mais sérios”, finaliza.

Fonte Band

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