Pesquisa inédita mostra que algumas associam produto à desvantagem na vida sexual
Fonte IG
A pílula anticoncepcional deu “alforria” às relações sexuais femininas e permitiu a opção pelo sexo sem foco na procriação. Quase 50 anos depois da condutora da revolução sexual das mulheres ter chegado ao mercado, os ginecologistas estão preocupados com um importante efeito colateral: para algumas o mesmo remédio pode atingir a libido e diminuir o prazer.
Pesquisa inédita divulgada nesta terça-feira, dia 13, entrevistou 500 brasileiras usuárias de anticoncepcionais para avaliar o impacto do medicamento nas relações sexuais. Do total de entrevistadas (enquetes feitas em Recife, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre), 16% disseram que o uso das pílulas diminui o desejo sexual.
O número superou o grupo de que considera uma interferência positiva, que somou 11% (72% disseram não perceber influência e 2% não souberam responder).
“A parcela que diz influenciar negativamente não é uma porcentagem desprezível, muito pelo contrário”, afirmou Gérson Lopes, um dos autores da pesquisa e vice-presidente da Comissão Nacional de Sexologia da Federação Brasileira de Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo).
“A mensagem é que elas podem até estar protegidas de uma gravidez não desejada, mas acreditam que o prazer está comprometido. Isso é inaceitável”, diz ao completar que o impacto na libido não necessariamente é provocado pelo produto anticoncepcional. Pode ser por uma doença, problemas no relacionamento, cansaço, fadiga, uso de outros medicamentos.
Por estes motivos, acredita Lopes, o tema sexualidade e contracepção tem dominado o debate dos congressos nacionais e internacionais de ginecologia. A defesa de que o assunto prazer precisa “frequentar” as consultas clínicas como termômetro de saúde está nas definições da Organização Mundial de Saúde (OMS). Sexo prazeroso e seguro, diz a entidade respeitada globalmente, é um dos indicadores de qualidade de vida.
Hormônios
A explicação para a pílula afetar negativamente o prazer é hormonal. O uso de anticoncepcionais pode desequilibrar os hormônios femininos e, por consequência, a libido. Por causa disso, a lubrificação da vagina também pode diminuir e com ela aumentar a dor na relação sexual. “Outros efeitos colaterais creditados à pílula como engordar, dor de cabeça, dores nas mamas também podem diminuir o desejo sexual”, completa Gérson Lopes. A pesquisa da Febrasgo mostra que 83% das mulheres têm medo dos quilos extras trazidos pelos comprimidos de uso contínuo.
Ao mesmo tempo em que ocupa papel de vilã do prazer, a pílula também pode ser “heroína”. Os especialistas, inclusive, consideram que as vantagens na vida sexual trazidas pelos anticoncepcionais superam as desvantagens. Neste caso, as razões não são só hormonais.
“Existem os benefícios indiretos da pílula muito influentes na autoestima feminina, como melhora da oleosidade da pele, cabelo, acne, formas físicas. Isso tem efeito no sexualidade”, diz o coordenador do estudo.
A escolha da anticoncepcional
O efeito de melhora ou piora no prazer varia de pessoa para pessoa, não tem regra clara e nem teste prévio. O consenso é que a interferência do produto na vida sexual precisa ser critério na escolha do anticoncepcional, afirmam os especialistas. Na pesquisa divulgada hoje, 85% das entrevistadas disseram estar satisfeitas com a sua pílula, mas podem nunca ter atentado sobre a influência deste medicamento na sexualidade.
Hoje entra em vigor o novo código de ética médica (13/04/2010) e um dos artigos contempla a livre escolha da paciente pelo o método contraceptivo. Pelas novas regras, o médico deve respeitar e orientar a mulher na opção entre preservativos, medicamentos e o DIU, entre outros. A Febrasgo defende que sexualidade deve nortear as informações médicas e faz um apelo aos médicos e médicas: não dá para deixar o prazer de escanteio na hora de falar sobre contracepção. “Isso vale para quem começa a vida sexual, quem está grávida ou infértil”, diz o especialista.
Sexo e pílula
O comportamento do desejo sexual com o uso da pílula, em porcentagens, segundo as mulheres pesquisadas:
Fonte: Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo)
Fonte IG
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