Rouquidão persistente é característica da doença. Um simples exame clínico pode mostrar a presença do tumor
A vida de palanques e comícios, e a já rouca voz do ex-presidente Lula, podem ter camuflado um sintoma típico do câncer de laringe.
A rouquidão, isolada e prolongada, é alarmante e um dos grandes indicativos da doença, revela Ricardo Caponero, oncologista da Clínica de Oncologia Médica, em São Paulo.
“Perder a voz por um dia por cantar muito durante um show de rock, ou por ter gritado demais em um jogo de futebol, é normal", diz o especialista.
"Mas quando esse sintoma é permanente, não passa após 24 horas, jamais deve ser negligenciado. É fundamental procurar ajuda médica. Esse é um alterta que deve ser bem divulgado.”
Possivelmente tratada como consequência dos compromissos políticos do antigo chefe da nação, a voz rouca pode ter atrasado o diagnóstico. O tumor foi encontrado após exames realizados no último sábado (29) já com três centímetros de tamanho. Esta informação foi divulgada pelos médicos do Hospital Sírio Libanês, na capital paulista, onde Lula deu início, na tarde desta segunda-feira (31) a primeira sessão de quimioterapia. Em coletiva de imprensa, os médicos classificaram a gravidade do câncer como "intermediária".
Atenção
Reconhecer alterações na região da laringe é simples e indolor, endossa o Caponero. Isso é feito pelo otorrinolaringologista, médico especializado em cabeça e pescoço.
Durante um simples exame clínico, ele consegue, com a ajuda de um aparelho espelhado colocado no interior da boca, identificar inflamações e até mesmo a presença de um tumor.
“O exame é feito com espelho. O otorrino examina as cordas vocais e consegue enxergar o tumor. É fácil de fazer, só precisa sempre ser feito por um médico. Não tem justificativa para não procurar um especialista.”
Uma vez identificado o tumor, completa Caponero, é preciso encaminhar o paciente para a biópsia e iniciar o tratamento o quanto antes, seja o tumor maligno ou benigno.
Incidência
O câncer de laringe do presidente Lula responde por 25% de todas as neoplasias – este é um outro nome dado aos cânceres – que podem acontecer na região da cabeça e do pescoço. É também o segundo mais incidente, atrás apenas do tumor de boca, informa Armandio Soares, diretor da Oncomed de Belo Horizonte.
Cientificamente chamado de escamocelular, a doença é multifatorial. Sabe-se, porém, que álcool e tabagismo, associados, são os principais gatilhos desse tumor.
O especialista da Oncomed afirma que nove em cada 10 pacientes acometidos por essa doença são tabagistas e bebem de maneira crônica.
“Quem bebe e fuma de forma crônica, ou seja, mais da metade da semana, está no grupo de altíssimo risco, pois tem a chance de desenvolver a doença de 40 a 100 vezes maior”, complementa Fernando Maluf, oncologista especialista em câncer de laringe e diretor do Centro Avançado de Câncer do Hospital São José, em São Paulo.
Fonte IG
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